19/09/2010

Sou doente de ser


Sou doente de ser
Triste na dor que tem
O coração triste de alguém
Que me tem em si a nascer

Como o fruto da videira
Que se apanha, se pisa e se bebe:
O néctar de uma vida inteira
Sabe bem mas não mata a sede.

E a peça que cai da algibeira
É a moeda mais pequena de ser.
Planta-a aqui à minha beira.
Vamos esperar vê-la nascer.

O copo que se enche ao cair
De cada golo afundado
É sóbrio ao se sentir
Sob sete palmos de terra acachado

Ébrio... Não, não se diz
Aquilo que se pensa, assim! 
Estou tão sóbrio, em mim,
Mas doente de não ser feliz.

Perco o sinal à dor,
Estou rude cansado
De ser o mesmo pagador
Que deixa o calote pendurado

No único cabide que tem em casa:
O da roupa suja- nunca tem nada.

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