31/10/2010

Porque o Fado nos está na Alma 8

Eis uma música que junta o que há de melhor - uma melodia, uma voz  e um poema únicos!

Luis Represas canta Ser Poeta, poema de Florbela Espanca.

30/10/2010

Ainda Carlos Paião - pelos Donna Maria

Ao procurar o original de "Vinho do Porto", deparei-me com o tributo dos "Donna Maria" a Carlos Paião. O arranjo musical é excelente e só é pena faltar a voz do cantor original!

Aqui ficamos com pó de arroz pela voz de Tiago Bettencourt - o sucedâneo parece ser quase tão bom como o original.... mas não deixará de ser sucedâneo!


29/10/2010

Por não ter saudade...

Parti um dia por não ter saudade
nem saber como isso era, voltar...

E quando cheguei
Descobri sem encanto
Que a solidão é um pranto
Que eu quis e abracei

Cheguei longe mas ao parar
essa realidade que sempre quis
adversa ao que o coração me diz
continuou a pedir-me, para partir!
Quando na verdade
A minha única vontade
é fugir à saudade
e negar o que sempre fiz
É pegar nas malas e ir
mais uma vez,
partir, por aí.

Parti um dia, dizia eu, por não ter saudade,
nem saber como isso era...

28/10/2010

Porque o Fado nos está na Alma 7

Seria impensável falar de música portuguesa sem falar do self-made-man, Carlos Paião - o médico que preferiu ser letrista, músico e intérprete. E conseguiu-o!


Goste-se ou não do estilo, há que admirar que a qualidade das letras é impressionante assim como a melodia que fica no ouvido!


Hesitei entre a Cinderela, Lá Longe Senhora, a Marcha do Pião das Nicas, os Versos de Amor ...bfffff... Pronto, pronto, pronto - já ouvi por aí alguém a chamar-me lamechas! Eh, eh, eh, pimba, não! Nesta altura ainda se falava com orgulho de música ligeira portuguesa! Outros tempos...


Assim, minhas senhoras e meus senhores, por isso mesmo fica aqui o mais bonito hino que conheço ao vinho do Porto, às pessoas que o produzem e ao povo que o bebe!


26/10/2010

Eu e o Tempo




Vejo-me envelhecer.
A vida é o tempo.
Acordo comigo, como comigo,
Rio, falo, choro comigo,
Sem mim, sou nada, ninguém,
Comigo, sou eu.

24/10/2010

Porque o Fado nos está na Alma 5



Qualquer dia atiram-me à cara com o título que tenho dado a estes posts...

Eu sei que Pedro Abrunhosa não canta o fado, mas o que canta, canta bem!
E não cantando o fado, já o seu trabalho faz parte do Fado português (positivamente interpretando o sentido da palavra). Ora digam lá quantas pessoas não se conheceram já ao ouvir as suas músicas? Lá está, Fado, no sentido mais lato! (Eu bem que estou a tentar dar a volta e a explicar o inexplicável... é melhor parar por aqui... Apreciem a música!

Porque o Fado nos está na Alma 4

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade...




Não esqueçamos o valor da Liberdade, nem quanto custa a nossa Bandeira- não tem preço!

Agradecendo de antemão à Flor de Jasmim, aqui ficamos com Paulo de Carvalho e uma música que tem muito para relembrar aos que cá andam e para ensinar às gerações que estão a chegar...

Uma excelente tarde de Domingo!

23/10/2010

Estou sem tempo

Estou sem tempo porém vejo-me parado
contrariando o momento que passa veloz, 
luto contra os segundos, estou desesperado,
quero correr mas estou preso à minha voz  

arguo com verdade ao silêncio que se cala
deixando-o estendido e mudo, sem razão 
Pago uma mentira para reaver a minha fala  
E saio como louco à procura de solução     

para esta realidade que afoga os sentidos
e aperta o exíguo espaço que me rodeia, 
vejo desintegrar-se a matéria em ruídos
no vácuo liso onde apenas voga uma ideia

e eu vagueio lento contra o meu querer
sou passageiro quando podia conduzir
mas estando atolado sem me poder mexer 
passa o tempo que passa e não me deixa ir...

Num instante que dura um pensamento
Acordo por fim, caindo desamparado
Solta-se  enfim o fadado movimento
retomo o fôlego e parto apressado

seguindo por terras que nunca me viram
ouvindo cores  e sons nunca imaginados 
a Primavera das acácias que floriram
e o Inverno dos plátanos desnudados

Em velocidade intensa cruzei o mundo, 
naveguei os mares e quis antes de morrer
voltar a casa, voltar à praia, respirar fundo
sentar-me, junto ao mar e ver o dia a nascer

agora pela última vez antes de partir 
deixo na areia solta a minha despedida 
frases sólidas que a tempo a água irá aluir
palavras, apenas, o sentido de uma vida...
 A madrugada fugiu, estava eu a pensar,


mas a manhã continua...


Há dias em que apetece preguiçar até a noite acordar!


Pois, já sei, vai trabalhar malandro!

22/10/2010

Diz-me a verdade

Diz-me a verdade que te tem,
por certo, presa à vida.
Flor gentil e serena:
Serão as tuas pétalas também
lágrimas da minha despedida?

Ou o mar de rosas que te cerca
esconde o teu bem querer
e, por seres tão pequena,
ainda não sentes a perca
de quem te viu nascer?

Custa-me ignorar que te possa doer;
E a dor que sentes é minha também.
Ao largo da vida, o sonho acena.
Tão real quer fazer-me crer
que o mundo é nada e eu sou ninguém.

Se calhar consegue e eu acredito,
embarcando na ânsia de acordar...
Mas talvez já não valha a pena
porque, este mar, sou eu que o agito
e não sei se vale a pena naufragar...

Fecho o envelope e escrevo a morada.
O nexo da vida é maior.
Não é uma carta que me condena.
O sonho é apenas uma fachada.
Ser livre e não réu, é ser-se superior.

Saio e ponho a carta no correio.
Acabo por deitar ao mar a minha esperança
e deixar-me à deriva nesta tarde amena.
O peito, de orgulho,  tenho cheio
e a alma, livre, respirando confiança.

21/10/2010

Observando o regato




Observo o  regato rente ao leito, sentado, 
fluindo lento num tempo que demora um segundo,
E vejo-me por um instante igual ao do outro lado   
mais próximo do sonho, mas tão longe do mundo

procuro agarrar-me a esse reflexo cansado 
a essa imagem branda que me fita de frente
mas foge-me um esgar, um silêncio inacabado
que ao dizer tudo, cala um soluço impaciente

Escapa-me um ai que procuro esconder
um desabafo que não queria desvendar 
ò nostalgia, o quanto me fazes sofrer
por ter sonhado viver sem lá estar
  
Afinal de contas esse regato sadio 
ainda vai correndo rente ao leito parado
o outro eu que descobri estava vazio 
este outro, vim a ver, estava fechado. 

20/10/2010

Porque o Fado nos está na Alma 3



Independentemente de estarem ou não ligados ao fado, será impossível falar dos grandes guitarristas da música portuguesa sem falar de Rui Veloso!
Para além de excelente guitarrista, músico e compositor, o nosso Chico Fininho é sem qualquer dúvida um ícone da música portuguesa contemporânea.  Agora, aqui, ficamos com Porto Covo.

19/10/2010

Porque o Fado nos está na Alma 2



Gaivota - Joel Xavier, um dos mais  virtuosos guitarristas da actualidade, acompanha e é acompanhado pelo excelente fadista Carlos do Carmo (claro que depende de se se está a apreciar o toque da guitarra ou o canto do fadista).

17/10/2010

A tormenta a passar



Ouves, filho, como, lá fora, o vento
Lúgubre, no seu ténue desalento
Empurra com seu canto o silêncio

E de encontro à chuva, se enlameia no chão
rebola, revolve o telhado e sem razão
vibra como quem chora uma triste canção...

Anda, filho, vem, vamos descansar
deixa o vento partir e a chuva chorar
essa tristeza, vês, não nos pertence
nem nos cabe a nós ter de a carregar 

Descansa filho, deixa-te embalar
Os sonhos que trago proteger-te-ão
põe o medo de parte e vem sonhar
a meu lado até a tormenta passar!

16/10/2010

Il y a une lumière

Há uma luz (pelo menos houve, em tempos e falava Francês)

Il y a une lumière
Que jáimerais bien embrasser...
C’est elle qui illumine la terre,
Donc, on vit pour l’aimer!

Mais l’amour est un fugitif,
Quand il arrête, il meurt...

Je suis un mort qui même vif

La suite dans mon coeur.

15/10/2010

Absorve-me o Ego

Absorve-me o Ego,
Contudo, não lhe chego.
Se o procuro, é ele quem me segue,
A figura que se ergue
Ante o ser em que jazo.
De facto, não lhe sei donde o azo
De seguir os meus porquês,
Fazendo-se maior da sua pequenez.

Assim, torno-me no centro
Daquele que sou em mim.
Amaldiçôo o Ego vindo de dentro
Por ser eu o princípio
E ele o meu fim!

14/10/2010

On the road por Alkmaar

Alkmaar é uma pequena cidade próxima a Amesterdão (cerca de 40 km) com um centro histórico bem característico e bonito de se visitar. 

Caso alguma vez tenham oportunidade de por aí passar, recomendo as costeletas de borrego e o Chianti no restaurante italiano Taormina!

Eis-me onde era esperado

Eis-me onde era esperado:
Nos devaneios do meu ser, perdido
No mar a que chamo toda a gente
De um mundo calvo e despido.

Que mais posso dizer desse triste fado
Que nos alegra, anima e faz sorrir,
Mesmo sob o olhar perverso e demente
De quem nos diz as verdades a mentir?

Não me creio esperançado
De um último dia a esvaecer,
Pintado de azul, a ferro quente,
Aquele com o qual hei-de morrer

No sentido destes versos que deixo
À memória esquecida do acaso
Da qual eu lamento mas não me queixo
Já que este dia se aproxima do ocaso.

Uma última nota em tom de despedida
Eu deixo a quem quiser procurar:
Se a Verdade não é mais que a própria vida,
Então que nos resta senão restar?

11/10/2010

Em reflexão

Enquanto vou construindo os pensamentos do meu próximo post, deixo-vos com os Santos e Pecadores. 



Porque amanhã será diferente...

10/10/2010

Quem são os deuses

Quem são os deuses que te tomam os sentidos?
Quem são essas figuras que te tornam menor?
Diz-me, por que te submetes a falsos partidos
E lhes esqueces o seu poder destruidor?

Por que são eles os deuses que adoras?
O que os torna assi tão especiais?
Achas que essas orações que decoras
Te livrarão dos juízos finais?

Quando quiseres ver quem são
Esses a quem confias teu fado
Abre a tua mente (não o coração)
E vê-lhes os pés de barro aguado.

09/10/2010

Em jeito de resposta

Este texto começou por ser uma resposta ao comentário deixado por Folha Seca no meu post de ontem. No entanto, uma vez que me alonguei com os pensamentos, decidi publicá-lo na primeira página do blogue.

Fernando Pessoa escreveu, de entre muitos, um poema que é sobejamente conhecido por causa da frase: Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. “O Infante” é um dos poemas que compõem o livro “Mensagem” publicado em 1934:

"O INFANTE 

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. 
Deus quis que a terra fosse toda uma, 
Que o mar unisse, já não separasse. 
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente, 
Clareou, correndo, até ao fim do mundo, 
E viu-se a terra inteira, de repente, 
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te portuguez.. 
Do mar e nós em ti nos deu sinal. 
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. 
Senhor, falta cumprir-se Portugal!"

               (Fernando Pessoa, O Infante, in Mensagem)


Ora, os verdadeiros sonhadores partiram à descoberta e uniram o mar e a terra. Eu atrevo-me a dizer que quem deixou o Império desmoronar-se e o sonho/Portugal por cumprir foram os que cá ficaram, porque não conseguiram ser sonhadores e ter visão para chegar mais longe.

No último século, o nosso país descobriu-se em muitas das suas formas e conteúdos: acontecimentos, factos e pessoas. 

O Portugal do início do século XX viveu um clima económico, político e social conturbado. Mal que estava passada a primeira década fez cair a Monarquia seguindo com um e outro período de instabilidade durante a Primeira Republica. Depois, a subida de Salazar ao poder, a instituição do regime ditatorial, a “Primavera Marcelista”, a Revolução dos Cravos a que seguiu outro período de instabilidade política e social, tendo como ponto mais marcante a morte de Sá Carneiro. Um novo ciclo começou com  a entrada de Portugal na CEE e no final da década de noventa observa-se a deterioração das condições económicas do país. 

Mas nem tudo foi mau, vivemos muitas coisas boas e houve muitas pessoas a agarrarem-se aos sonhos para fazer deste país um Portugal melhor. E os "sonhadores" foram aqueles que não dormiram, pois lutaram para ver os seus ideais concretizados.

Porém, no Portugal da actualidade, eu ainda vejo um País por cumprir e com cada vez menos sonhadores... Os que se esforçam são mal-tratados e os que transpiram a incompetência são premiados, dizem, a alguns até com louvores de Estado...

No entanto, eu procuro que isso não afecte os meus sonhos e, ainda que isolado, eu quero acreditar que será possível às gerações futuras obter Educação (com E maiúsculo). 

A Educação é a condição essencial para um Portugal de futuro, com gente qualificada a construir uma economia sólida e uma sociedade menos desigual. Se esse momento vier alguma vez a chegar, Portugal poderá ainda não se concretizar mas estará mais perto do que algumas vez esteve.

Caro R. Manuel, eu dou-lhe razão: embora sonhar seja importante, é vital agir. Mas cabe-nos fazer a mudança e melhorar o que temos. Eu também ainda não sei bem como será possível que os nossos filhos venham a obter a Educação com a qual sonho mas espero convictamente que haja muita gente acordada a trabalhar nos seus ideais.


Obrigado pela visita, volte sempre. 

Ferreira



08/10/2010

Por um mundo melhor

Cabe-nos a nós continuar a sonhar...

Em cada poema

Em cada poema
há uma onda de versos
que renasce apesar do desgaste do tempo...

Observa bem, como a areia desta praia
está cansada da dor de ser pisada
ao de leve pela maré!

Vê o mar que não descansa
prometendo que se vai e não vem!
Nem a emoção o ampara
ao passar os beijos,

das carícias e dos nus que se abraçam
amarrados às delícias de nada mais
do que um verso à deriva!

07/10/2010

Ao vento

E eis que caem e se soltam
em ondas de vento
teus cabelos
embalados pela brisa
que o sol amorna lânguido
no silêncio do vôo das aves
no descanso calmo das árvores

observo teu seio mal desnudado
e do alto dos pinheiros sussuro
o desejo de te ter uma vez

para sempre

05/10/2010

5 de Outubro

Neste dia estou triste porque a comemoração do centenário da Republica não é suficiente para pagar os remédios dos velhotes, o infantário e os estudos dos filhos daquela vizinha do lado e porque custa fazer chegar o pão todos os dias à mesa... “Os nossos vícios não são caros, já há muito que deixámos de sair para não gastar...”

Até podia fazer de conta que estou contente e deixar-me levar pelo feriado, as festas e a alegria de uns quanto, esquecendo apenas por mais uns momentos que nós portugueses estamos a ficar cada vez mais pobres. Mas para quê? Afinal, amanhã a Republica volta a acordar coroada de louros...

Querida, cheguei!

Descendo as escadas a meio caminho
E olhando para o lado como quem não quer
Vejo-te passar - ah! Que desalinho
E eu mortinho, mortinho
Por te ter a ti mulher!


Enquanto o sol se deita admiro
as formas do teu corpo ao passar
E eu caio para trás e suspiro,
qual regato trespassado por um tiro,
Doido por te poder acariciar!


A lua sobe e o céu adormecido
deixa-se em meus braços aninhar...
ahhh... faz frio mas o calor do teu vestido
é suficiente para nos aconchegar


És minha e finalmente, quero-te mais
aos segredos que não queres revelar,
porque as estrelas não podem falar,
sigo no balanço pendente dos teus ais
e seguro-te com se não houvesse mais ar!


Querida, estou a chegar!


(claro que nunca chegarei aos calcanhares do Bocage, mas não custa nada tentar, he he he!)

04/10/2010

É meu , o passado

É meu , o passado.
Só a vida mo tirará.
O tempo é todo emprestado...
Anteontem, onde está?

Esqueci novamente, tirado
Me foi mais um dia
Do meu viver esfarrapado:
Tristeza versus Alegria.

Do pouco que ganhei
Menos é o que posso guardar
Abençoado o que gastei
Que não vai azedar.

03/10/2010

O Desafio dos Outros

Porque hoje me apeteceu partilhar a minha opinião partindo dos posts de outros blogues:

      No seu texto "O outro desafio" ,Vital Moreira aponta alguns dos defeitos que estão a fazer definhar a Economia portuguesa quer a nível interno quer a nível externo, em especial a fraca competitividade e o deficitário crescimento económico. Deixa, ainda, vários indicadores que poderão contribuir para a retoma e para o crescimento económico. Gostei do que li por ser simples e deixar anotados possíveis caminhos gerais que poderão servir para solucionar o problema. No entanto, apontar o dedo à competitividade é pouco e não resolve porque ficam por resolver os vícios estruturais do Estado.
      Afinal, pergunto, quem é que irá sentar-se a discutir estas e outras soluções, quem é que vai ter ganas para apontar o dedo aos vícios institucionais e a conivências, aos responsáveis em primeira instância pelo atraso do país? Para quê criar mais um pacote de medidas contra a corrupção se os corruptos e os corrompidos continuam impunes? Não sou fanático por futebol mas revoltou-me o que ouvi no youtube relativamente às escutas do processo apito dourado. Revolta-me porque quem trabalha honestamente é obrigado a pagar Aparentes Peças Teatrais em que tais personalidades escapam impunes às malhas da justiça,  independentemente dos indícios recolhidos. E querem falar de produtividade? Claro que não pode haver produtividade se os dinheiros públicos (decorrentes da produtividade do país) estiverem constantemente a ser reconduzidos para a renovação das frotas de carros dos organismos públicos (repararam nos "outros negócios"? eh eh eh), ou para a aquisição por quantias astronómicas de viaturas topo de gama desactualizadas (pechinchas, não?), entre outros escândalos que volta e meia vêm a público!
Ora, como os exemplos deveriam vir de cima e, antes de pensar na competitividade, porque não reduzir o número de empresas detidas parcialmente pelo Estado? Quantas dão lucro? Cortar o número gestores públicos de topo na função pública (apontar primeiro aos que têm direitos a regalias)? E que tal ajustar os salários de personalidades pagas pelo Estado português à nossa realidade (ainda que questione a autenticidade dos números, não deixo de me inquietar quando observo que o salário médio em Portugal chega a ser inferior aos 900€ )? ....

Margarida Corrêa de Aguiar n'A Quarta República fala de vistas curtas, referindo-se ao problema de atribuição dos processos de classificação pelo IGESPAR.
Ora, parece que houve um senhor doutor engenheiro que, motivado pela preguiça causada pela nova cadeira que é mais cómoda que a anterior, arranjou caminho para fazer aprovar um tal decreto-lei que de uma assentada lança para o lixo um monte de papelada incómoda que já há duas décadas e meia por ali andam a apanhar pó. Ora isto resolve o seguinte, primeiro arranja-se espaço para os novos processos e depois, até se pode gabar que  finalmente o seu instituto está a trabalhar de forma eficaz (fruto da gestão do senhor doutor engenheiro, claro está. Ora digam lá se ele não merecia um Nobel?).  Palavras-chave? Desempenho e Competitividade- até parece de propósito para os outros desafios!

E por agora é tudo,  porque amanhã tenho de me mostrar produtivo quando estiver a trabalhar. Boa noite.

Pontos cardeais

A alegria de voltar a um sítio que nos é querido, apraz-nos mesmo antes de aí chegarmos. É  um sentimento de saudade colorido que alberga as sensações e recordações que a dada altura pararam no tempo e por ali ficaram estáticas na nossa memória. 

No entanto, quanto mais o tempo passa menor é a probabilidade de encontrarmos o elo que nos liga a essa saudade. Nas ruas apenas o nome permanece, o resto divide-se entre a imagem degradante dos anos que passaram e a novidade das novas construções que agora vejo pela primeira vez. Ali...havia... acolá era... Os rostos daqueles com quem me cruzo já nada me dizem nem pelo grisalho dos cabelos. Quantas histórias perdi e de quantos fiquei sem saber?  Essas coisas nunca me interessaram senão até agora que vejo a mirrar a esperança de encontrar um ponto cardeal para me situar neste lugar que outrora disse ser meu. 

Ainda tocado pelo choque de ver as minhas expectativas iniciais a esvair-se, reconheço enfim um velho amigo. Voltou por momentos o entusiasmo por  encontrar uma cara conhecida, porém, de imediato vi esse entusiasmo a ser arrefecido pela forma como fui replicado - como se nem sequer nos conhecêssemos. Não chegou a ser sentido como um insulto, visto os anos que passaram, mas senti-me como se subitamente tivesse levado um murro no estômago e, ao abrir os olhos, a ver-me acordar repentinamente num local com o qual já pouco tenho em comum. 

Já é demasiado tarde para recuperar o tempo perdido mas também é ainda demasiado cedo para partir novamente....

02/10/2010

Adeus!

Adeus!
Palavra tão triste
Que me assola o coração
E que nele existe
Como Fado maior.

Ahh, perdição
Aquela, a do amor,
Que me restou
Do teu

Adeus!

Palavra tão triste
Que tomou o meu coração
E que em mim existe
Como Fado maior,
Adeus!