31/12/2011

O Cartoon do Dia

E com este me despeço de 2011, fazendo votos para que 2012 não seja tao mau como se promete.
A todos, Feliz Ano Novo!

23/12/2011

Doce naufragar

Erguendo as raízes,
do fundo do mar, 
alevantam-se as ondas
vibram com o doce balançar
da tua voz em minhas mãos
do teu olhar em meus lábios
e de um beijo sentido
que ficou para trás
num barco em chamas
afundando em silêncio
um doce naufragar

21/12/2011

Literatura:


Artigo 59.º
Direitos dos trabalhadores
1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:
a) À retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natureza e qualidade, observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, de forma a garantir uma existência condigna;
b) A organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar;
c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde;
d) Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao descanso semanal e a férias periódicas pagas;
e) À assistência material, quando involuntariamente se encontrem em situação de desemprego;
f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional.
2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente:
a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, tendo em conta, entre outros factores, as necessidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento;
b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do trabalho;
c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a gravidez e após o parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas;
d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais;
e) A protecção das condições de trabalho e a garantia dos benefícios sociais dos trabalhadores emigrantes;
f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhadores estudantes.
Excerto retirado do texto da Constituição da República Portuguesa


Meus amigos, a situação é difícil, todos o sabemos. Mas o caso o caso é cada vez mais sério. Agora querem cortar os dias de férias. É altura de reagir, temos de tomar providências.

Eu defendo que se retirem dias de férias para quem tem tem salários ou conjunto de rendimentos mensais superiores a, por exemplo, seis salários mínimos. Desta fasquia para baixo dever-se-ia manter a situação actual. Afinal, o mau desempenho da economia é gerado pelos maus gestores e não pelos trabalhadores.

Estou farto. Vou descansar.


Não é para vender nada,

é só mesmo para descontrair...

20/12/2011

Carta aberta ao Senhor Primeiro Ministro

"Carta aberta ao Senhor Primeiro Ministro



por
 Myriam Zaluar a Segunda-feira, 19 de Dezembro de 2011 às 13:35






Exmo Senhor Primeiro Ministro

Começo por me apresentar, uma vez que estou certa que nunca ouviu falar de mim. Chamo-me Myriam. Myriam Zaluar é o meu nome "de guerra". Basilio é o apelido pelo qual me conhecem os meus amigos mais antigos e também os que, não sendo amigos, se lembram de mim em anos mais recuados.

Nasci em França, porque o meu pai teve de deixar o seu país aos 20 e poucos anos. Fê-lo porque se recusou a combater numa guerra contra a qual se erguia. Fê-lo porque se recusou a continuar num país onde não havia liberdade de dizer, de fazer, de pensar, de crescer. Estou feliz por o meu pai ter emigrado, porque se não o tivesse feito, eu não estaria aqui. Nasci em França, porque a minha mãe teve de deixar o seu país aos 19 anos. Fê-lo porque não tinha hipóteses de estudar e desenvolver o seu potencial no país onde nasceu. Foi para França estudar e trabalhar e estou feliz por tê-lo feito, pois se assim não fosse eu não estaria aqui. Estou feliz por os meus pais terem emigrado, caso contrário nunca se teriam conhecido e eu não estaria aqui. Não tenho porém a ingenuidade de pensar que foi fácil para eles sair do país onde nasceram. Durante anos o meu pai não pôde entrar no seu país, pois se o fizesse seria preso. A minha mãe não pôde despedir-se de pessoas que amava porque viveu sempre longe delas. Mais tarde, o 25 de Abril abriu as portas ao regresso do meu pai e viemos todos para o país que era o dele e que passou a ser o nosso. Viemos para viver, sonhar e crescer.

Cresci. Na escola, distingui-me dos demais. Fui rebelde e nem sempre uma menina exemplar mas entrei na faculdade com 17 anos e com a melhor média daquele ano: 17,6. Naquela altura, só havia três cursos em Portugal onde era mais dificil entrar do que no meu. Não quero com isto dizer que era uma super-estudante, longe disso. Baldei-me a algumas aulas, deixei cadeiras para trás, saí, curti, namorei, vivi intensamente, mas mesmo assim licenciei-me com 23 anos. Durante a licenciatura dei explicações, fiz traduções, escrevi textos para rádio, coleccionei estágios, desperdicei algumas oportunidades, aproveitei outras, aprendi muito, esqueci-me de muito do que tinha aprendido.

Cresci. Conquistei o meu primeiro emprego sozinha. Trabalhei. Ganhei a vida. Despedi-me. Conquistei outro emprego, mais uma vez sem ajudas. Trabalhei mais. Saí de casa dos meus pais. Paguei o meu primeiro carro, a minha primeira viagem, a minha primeira renda. Fiquei efectiva. Tornei-me personna non grata no meu local de trabalho. "És provavelmente aquela que melhor escreve e que mais produz aqui dentro." - disseram-me - "Mas tenho de te mandar embora porque te ris demasiado alto na redacção". Fiquei.

Aos 27 anos conheci a prateleira. Tive o meu primeiro filho. Aos 28 anos conheci o desemprego. "Não há-de ser nada, pensei. Sou jovem, tenho um bom curriculo, arranjarei trabalho num instante". Não arranjei. Aos 29 anos conheci a precariedade. Desde então nunca deixei de trabalhar mas nunca mais conheci outra coisa que não fosse a precariedade. Aos 37 anos, idade com que o senhor se licenciou, tinha eu dois filhos, 15 anos de licenciatura, 15 de carteira profissional de jornalista e carreira 'congelada'. Tinha também 18 anos de experiência profissional como jornalista, tradutora e professora, vários cursos, um CAP caducado, domínio total de três línguas, duas das quais como "nativa". Tinha como ordenado 'fixo' 485 euros x 7 meses por ano. Tinha iniciado um mestrado que tive depois de suspender pois foi preciso escolher entre trabalhar para pagar as contas ou para completar o curso. O meu dia, senhor primeiro ministro, só tinha 24 horas...

Cresci mais. Aos 38 anos conheci o mobbying. Conheci as insónias noites a fio. Conheci o medo do amanhã. Conheci, pela vigésima vez, a passagem de bestial a besta. Conheci o desespero. Conheci - felizmente! - também outras pessoas que partilhavam comigo a revolta. Percebi que não estava só. Percebi que a culpa não era minha. Cresci. Conheci-me melhor. Percebi que tinha valor.

Senhor primeiro-ministro, vou poupá-lo a mais pormenores sobre a minha vida. Tenho a dizer-lhe o seguinte: faço hoje 42 anos. Sou doutoranda e investigadora da Universidade do Minho. Os meus pais, que deviam estar a reformar-se, depois de uma vida dedicada à investigação, ao ensino, ao crescimento deste país e das suas filhas e netos, os meus pais, que deviam estar a comprar uma casinha na praia para conhecerem algum descanso e descontracção, continuam a trabalhar e estão a assegurar aos meus filhos aquilo que eu não posso. Material escolar. Roupa. Sapatos. Dinheiro de bolso. Lazeres. Actividades extra-escolares. Quanto a mim, tenho actualmente como ordenado fixo 405 euros X 7 meses por ano. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. A universidade na qual lecciono há 16 anos conseguiu mais uma vez reduzir-me o ordenado. Todo o trabalho que arranjo é extra e a recibos verdes. Não sou independente, senhor primeiro ministro. Sempre que tenho extras tenho de contar com apoios familiares para que os meus filhos não fiquem sozinhos em casa. Tenho uma dívida de mais de cinco anos à Segurança Social que, por sua vez, deveria ter fornecido um dossier ao Tribunal de Família e Menores há mais de três a fim que os meus filhos possam receber a pensão de alimentos a que têm direito pois sou mãe solteira. Até hoje, não o fez.

Tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: nunca fui administradora de coisa nenhuma e o salário mais elevado que auferi até hoje não chegava aos mil euros. Isto foi ainda no tempo dos escudos, na altura em que eu enchia o depósito do meu renault clio com cinco contos e ia jantar fora e acampar todos os fins-de-semana. Talvez isso fosse viver acima das minhas possibilidades. Talvez as duas viagens que fiz a Cabo-Verde e ao Brasil e que paguei com o dinheiro que ganhei com o meu trabalho tivessem sido luxos. Talvez o carro de 12 anos que conduzo e que me custou 2 mil euros a pronto pagamento seja um excesso, mas sabe, senhor primeiro-ministro, por mais que faça e refaça as contas, e por mais que a gasolina teime em aumentar, continua a sair-me mais em conta andar neste carro do que de transportes públicos. Talvez a casa que comprei e que devo ao banco tenha sido uma inconsciência mas na altura saía mais barato do que arrendar uma, sabe, senhor primeiro-ministro. Mesmo assim nunca me passou pela cabeça emigrar...

Mas hoje, senhor primeiro-ministro, hoje passa. Hoje faço 42 anos e tenho a dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: Tenho mais habilitações literárias que o senhor. Tenho mais experiência profissional que o senhor. Escrevo e falo português melhor do que o senhor. Falo inglês melhor que o senhor. Francês então nem se fale. Não falo alemão mas duvido que o senhor fale e também não vejo, sinceramente, a utilidade de saber tal língua. Em compensação falo castelhano melhor do que o senhor. Mas como o senhor é o primeiro-ministro e dá tão bons conselhos aos seus governados, quero pedir-lhe um conselho, apesar de não ter votado em si. Agora que penso emigrar, que me aconselha a fazer em relação aos meus dois filhos, que nasceram em Portugal e têm cá todas as suas referências? Devo arrancá-los do seu país, separá-los da família, dos amigos, de tudo aquilo que conhecem e amam? E, já agora, que lhes devo dizer? Que devo responder ao meu filho de 14 anos quando me pergunta que caminho seguir nos estudos? Que vale a pena seguir os seus interesses e aptidões, como os meus pais me disseram a mim? Ou que mais vale enveredar já por outra via (já agora diga-me qual, senhor primeiro-ministro) para que não se torne também ele um excedentário no seu próprio país? Ou, ainda, que venha comigo para Angola ou para o Brasil por que ali será com certeza muito mais valorizado e feliz do que no seu país, um país que deveria dar-lhe as melhores condições para crescer pois ele é um dos seus melhores - e cada vez mais raros - valores: um ser humano em formação.

Bom, esta carta que, estou praticamente certa, o senhor não irá ler já vai longa. Quero apenas dizer-lhe o seguinte, senhor primeiro-ministro: aos 42 anos já dei muito mais a este país do que o senhor. Já trabalhei mais, esforcei-me mais, lutei mais e não tenho qualquer dúvida de que sofri muito mais. Ganhei, claro, infinitamente menos. Para ser mais exacta o meu IRS do ano passado foi de 4 mil euros. Sim, leu bem, senhor primeiro-ministro. No ano passado ganhei 4 mil euros. Deve ser das minhas baixas qualificações. Da minha preguiça. Da minha incapacidade. Do meu excedentarismo. Portanto, é o seguinte, senhor primeiro-ministro: emigre você, senhor primeiro-ministro. E leve consigo os seus ministros. O da mota. O da fala lenta. O que veio do estrangeiro. E o resto da maralha. Leve-os, senhor primeiro-ministro, para longe. Olhe, leve-os para o Deserto do Sahara. Pode ser que os outros dois aprendam alguma coisa sobre acordos de pesca.

Com o mais elevado desprezo e desconsideração, desejo-lhe, ainda assim, feliz natal OU feliz ano novo à sua escolha, senhor primeiro-ministro

e como eu sou aqui sem dúvida o elo mais fraco, adeus

Myriam Zaluar, 19/12/2011"
partilhado da conta de Myriam Zaluar no Facebook, o cartoon pertence ao post original. 

18/12/2011

Sugestões

Passos Coelho sugere a emigração a professores desempregados - Educação - PUBLICO.PT
Oh, Passos, já agora sugere a todos os outros trabalhadores e assalariados que emigrem também, que assim ficas com a dívida toda para ti! E ainda te deixamos ficar com a Madeira!
 

15/12/2011

Por cá fica tudo igual...

Juiz alemão garante penas suspensas se ex-gestores da Ferrostaal admitirem culpa - Política - PUBLICO.PT

"A queixa-crime é omissa quanto a eventuais contactos com membros do governo português da altura ou outros responsáveis portugueses que Adolff tenha propiciado à Ferrostaal para que os alemães pudessem vencer o concurso para aquisição dos dois submarinos do tipo 209 PN, já entregues à marinha portuguesa."

O Cartoon do Dia

Coisas sérias... a brincar.


13/12/2011

Eles andam aí?

Partilho a apresentação. Fica por saber o que vai acontecer.

Ficamos a aguardar por cenas dos próximos capítulos...

10/12/2011

O Cartoon do dia


Estas reuniões chegam muito tarde (digo eu sem saber quanto tempo leva a prepará-las) e as conclusões deixam muitas respostas por dar.
Quanto tempo existe ainda disponível para  "Salvar o Euro", quando o conceito de União se dissolveu e a Europa é cada vez mais uma manta de retalhos?


07/12/2011

O Cartoon do dia


Será caso para cantar: Quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau? Certo é que chegámos ao ponto em que o poder político se ajoelha perante o poder económico atirando para a guilhotina os direitos sociais enquanto do lado oposto se vê a corrupção a rir-se a bandeiras despregadas... estamos bem servidos...

06/12/2011

O Cartoon do Dia

O que sobrou de ontem




























Depois de mais de um ano nesta rebaldaria,  os políticos - os que estão cá e os que nos representam ao nível europeu - não conseguem nem dar o exemplo da austeridade que se impõe ao comum dos cidadãos, nem conseguem tomar decisões conjuntas efectivas que ponham cobro a esta situação de terrorismo económico que continua a corroer as bases do estado social que se construiu a custo na Europa desde há mais de meio século.    
  


Agentes provocadores

Os rapazes provocam mas lá no âmago temos de lhes dar razão... 



05/12/2011

O que aconteceria se o rei perdesse a coroa?

Já batemos no fundo, ou ainda falta muito?????

Aviso que não há  Cartoon do Dia que nos valha ou Fado que apague as lágrimas da Alma. 
RIP Subsídio de Férias e de Natal


Réveillon da Madeira pago pelo orçamento 2012

 O Governo Regional da Madeira remeteu para o orçamento de 2012 o pagamento do fogo-de-artifício que este ano custará 845 mil euros.

O espectáculo foi adjudicado ao segundo classificado no concurso público, a Pyrotel, após a eliminação do concorrente com a proposta mais barata.

Por portaria conjunta dos secretários do Turismo e das Finanças, publicado na sexta-feira no Jornal Oficial da Região, como suplemento à edição de 21 de Novembro, os encargos com o fornecimento, instalação e queima de fogo-de-artificio, no montante total de 845.625 euros incluindo o IVA à taxa de 16%, serão suportados na sua quase totalidade pelo orçamento do próximo ano. Na repartição, apenas 17 mil euros entram no orçamento de 2011, sendo remetidos os restantes 837.523 euros para 2012.

O mesmo expediente foi seguido pelo governo madeirense com as iluminações, de cujo custo global de 2,29 milhões incluiu 114 mil euros no orçamento deste ano e remeteu os remanescentes 2,17 milhões para o ano económico de 2012. Assim, será o orçamento regional do próximo ano, cuja elaboração está a aguardar o ainda não proposto plano de ajustamento financeiro, a suportar 3,014 milhões de euros das iluminações e do fogo, sendo este ano pagos apenas 131 mil euros de um custo total de 3,145 milhões, sem incluir os custos do programa de animação. O orçamento da Madeira para 2011 tem inscrito (cap. 50) uma verba de 5,75 milhões para a festa do fim do ano. 

A queima do fogo foi adjudicada à Pyrotel, com sede no Marco de Canaveses, tendo a mesma duração e número de postos de queima que o ano passado, sob o tema Um povo, uma cultura, uma região. Era uma das quatro concorrentes ao concurso público com o preço-base de 955 mil euros: GJR (697 mil euros), Pyrofel (736 mil), Pirotecnia Minhota (849) e Macedos Pirotecnia (907 mil).

A GJR, com a proposta economicamente mais vantajosa, foi eliminada por indicar cinco postos de lançamento com morada incorrecta, apesar de ter anexado a declaração de aceitação das condições previstas no caderno de encargos. Pondo em causa a "não- imparcialidade do júri", esta empresa anunciou a intenção de recorrer ao tribunal administrativo, lançando suspeitas sobre a ligação familiar da escolhida. A Pyrotel é dirigida pelo filho do responsável da Macedos Pirotecnia, adjudicatária das queimas de fogo-de- artifício das ultimas passagens de ano.

O réveillon da Madeira, cuja manutenção como "maior cartaz" deste destino turístico é consensual entre os partidos políticos na região, continua assim a gerar polémica, não só pelos seus elevados custos em tempos de austeridade, mas também pelo desfecho dos concursos públicos que, lançados tardiamente, inevitavelmente acaba em ajustes directos. 

Este procedimento voltou a ocorrer com a montagem das iluminações decorativas de Natal e fim do ano, que desde 1996 é sempre adjudicada à empresa SIRAM, do antigo deputado do PSD Sílvio Santos, numa situação de favorecimento já censurada pelo Tribunal de Contas. 

Público Online, 05.12.2011 - 13:24 Por Tolentino de Nóbrega




04/12/2011

Imagens...

 Estão a ver os biscoitos? Representam os subsídios de férias e de Natal.  Vêm o frigorífico? São os impostos adicionais com que nos acabam de presentear. E o porquinho, vêem? Somos nós.


Oxalá, de outro modo, a nossa vida fosse  tão divertida...

03/12/2011

Crowding Out é a dura Realidade!




Pondo de parte a questiúncula entre o Governador do Banco de Portugal e o Deputado do PS, deselegâncias, etc, etc, etc,  há uma frase que muito acertada me parece  em relação ao "Crowding Out". Diz o sr. Governador, Carlos Costa o seguinte:

"Esta é a realidade e é a realidade a que chegamos em Abril e se não quiserem reconhecer a realidade, não a reconheçam. Batam com a cabeça na parede, porque a realidade é sempre mais resistente do que a cabeça, podem ter a certeza."

Primeiro fiquei com a sensação de que era uma frase publicitária, do género: "Omo lava mais branco", mas quis-me parecer que o excelentíssimo sr. Costa não estava ali para vender nada a ninguém. Isto levou-me a pensar de seguida na capacidade de liderança e gestão dos dinheiros públicos por parte dos sucessivos governos até ao actual, inclusive.Mas, como esta frase daria para uma alongada discussão e eu já não tenho vontade para mais tricas, falem à vontade, eu vou descansar.

Até amanhã.



O Cartoon do Dia

A Evolução das Espécies

AO90 é pior que um queijo suíço

Como prova o João Roque Dias neste documento, o (des)Acordo Ortográfico de 1990 que impingiram aos portugueses é TRETA! Não tem fundamentos, não tem bases que sustentem as modificações introduzidas.




Haja bom senso político - se isso alguma vez existir e for possível - para que se acabe com esta mentira de Estado!

Com os melhores agradecimentos a João Roque Dias pelo texto. 

30/11/2011

Porque o Fado nos está na Alma 66

O Cartoon do Dia

Este é um daqueles exemplos que todos sabemos existir (os noticiários, os jornais, as rádios informam) mas ninguém tira mais conclusões ou enceta acções que visem corrigir ou as contas ou colocar os casos em ordem. Estas coisas, podemos dizer, pertencem ao fado de ser Português.

29/11/2011

Porque o Fado nos está na Alma 65

Um movimento perpétuo

Corte de Subsídios (via Agência Financeira) e Fuga aos Impostos

Depois de lerem a notícia sobre o corte dos subsídio, aconselho a ver e ouvir o vídeo que coloco no final. Um abraço.

"Corte de subsídios foi alterado. Calcule aqui quanto perde

Nova fórmula foi aprovada na Assembleia da República. Quem ganha até 600 euros escapa ileso. Quem ganha mais de 776,50 euros já perde o equivalente a um subsídio inteiro
A fórmula para o corte de subsídios de férias e Natal dos funcionários públicos e pensionistas a aplicar em 2012 foi alterada esta segunda-feira. Em vez da fórmula proposta inicialmente pelo Governo no Orçamento do Estado para 2012, será aplicada outra. Nós fizemos as contas e dizemos-lhe quanto perde afinal.

De acordo com a proposta inicial, os cortes de subsídios começavam a ser aplicados aos salários base mensais a partir dos 485 euros. O corte era progressivo e ia aumentando consoante a remuneração base subia, até que, quando se chegava aos mil euros, eram cortados os dois subsídios na íntegra.

Com a alteração aprovada esta segunda-feira no Parlamento, os cortes só afectam os rendimentos base mensais a partir dos 600 euros e só atingem a totalidade dos dois subsídios quando se ganha 1.100 euros.

De acordo com a nova fórmula, quem quiser calcular quanto receberá de subsídio de férias e Natal, tem de fazer o seguinte cálculo:

1) Multiplicar a remuneração base mensal por 1,2 (por exemplo, 800 euros x 1,2 dá 960 euros)

2) Subtrair o resultado dessa multiplicação a 1.320 (neste caso, 1.320 - 960 euros = 360 euros)

3) O resultado (neste caso 360 euros) é quanto vai receber antes de ir de férias e antes do Natal

Agência Financeira fez alguns cálculos, para facilitar a consulta:

Quem tem uma remuneração base mensal de 600 euros ainda não sofre qualquer corte (recebe esse mesmo valor na íntegra), e quem recebe 776,50 euros já só recebe metade de cada subsídio, ou seja, perde o equivalente a um subsídio inteiro.

Rendimento de 600 euros - recebe 600 euros de cada subsídio

Rendimento de 650 - recebe 540 euros de cada subsídio

Rendimento de 700 - recebe 480 euros de cada subsídio

Rendimento de 750 - recebe 420 euros de cada subsídio

Rendimento de 776,50 - recebe 388,20 euros de cada subsídio

Rendimento de 800 - recebe 360 euros de cada subsídio

Rendimento de 850 - recebe 300 euros de cada subsídio

Rendimento de 900 - recebe 240 euros de cada subsídio

Rendimento de 950 - recebe 180 euros de cada subsídio

Rendimento de 1.000 - recebe 120 euros de cada subsídio

Rendimento de 1.050 - recebe 60 euros de cada subsídio

Rendimento de 1.100 - recebe 0 euros de cada subsídio

A nova proposta, submetida pelo PSD e CDS-PP foi aprovadacom os votos a favor da maioria, apesar dos votos contra do PCP, Bloco de Esquerda e d'Os Verdes. O PS votou contra o corte dos dois subsídios a partir de 1.100 euros, mas absteve-se no corte progressivo entre os 600 e os 1.100 euros.

Os socialistas decalaram-se desiludidos com a proposta da maioria e o líder do PS, António José Seguro, disse mesmo que esta proposta era minimalista."
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Agora tomem lá os vossos subsídios de férias e de Natal.


Para aguçar o apetite, transcrevo alguns parágrafos: 

"Todas as empresas que foram constituídas antes de 31 de Dezembro de 2001 e que continuam em actividade têm isenção total de impostos directos, estamos a falar de IRC, de Imposto de Selo, de juros, de mais-valias e de Royalties. 


O que acontece neste momento e já há algum tempo é que a Madeira é referenciada por os principais relatórios de entidades credíveis a nível internacional como um ninho de corrupção e é também um viveiro do crime organizado onde Italianos, sobretudo as máfias italianas e as máfias russas vêm a aqui a Portugal para exclusivamente lavar dinheiro. 

"Em Portugal há uma elite corrupta que capturou o poder económico e o poder político e que se recusa a pagar impostos e que tem usado a zona franca da Madeira."

"É uma vergonha, depois do caso do BPN, o Estado português injectou 2,5 mil milhões de Euros e que vendeu um banco ao desbarato por quarenta milhões de Euros e quatro empresas do Grupo SLN e do BPN continuam na zona Franca da Madeira a pagar zero de impostos."



25/11/2011

Contra a Violência Doméstica

Hoje o dia é internacional, mas o todos os dias deveriam ser tomados como exemplo. Em solidariedade para com as vítimas de violência doméstica, aqui fica o meu pequeníssimo contributo, passo a mensagem:

Porque imagens chocantes como estas não têm desculpa.

surripiado de A Nossa Candeia, com os  melhores agradecimentos a Ana Paula Fitas.

O Cartoon do Dia

Sim, os portugueses já perceberam...

20/11/2011

Comando


Quero apresentar-vos um trabalho interessantíssimo que foi recentemente eleito o melhor filme nacional no Festival de Cinema de Arouca - Comando - é uma curta-metragem que relata o episódio de um soldado incumbido de levar uma carta ao oficial de serviço nas trincheiras, em pleno campo de batalha.
O facto mais interessante é que o custo relacionado com a produção deste filme foi de 27€ (usados para comprar sangue, arame farpado e envelopes).
Parabéns ao grupo pelo excelente trabalho realizado! 


Ficha Técnica:
Realização: Patrício Faísca e Sonat Duyar
New Light Pictures
Argumento: Sonat Duyar
Produtor: Patrício Faísca e Alejandro Hernandez
Ano: 2010
Género: Drama, Guerra
Duração: 10’
http://www.newlightpictures.blogspot.com/

Coisas do dia-a-dia

Na generalidade, fico revoltado com a forma sensacionalista como se fazem notícias em Portugal. Já estou farto de escândalos, de troca de galhardetes e de remendos. No final ninguém faz nada e fica tudo na mesma. 

Sendo  a "justiça" (opto por escrever com letra minúscula) o calcanhar de Aquiles do nosso sistema democrático, por que razão nada se faz para que se agilize o sistema? Será que não temos gente à altura ou será que interesses não o permitem?

Imaginem só o que seria se utilizássemos o que todos os anos deixamos de embolsar para investir na modernização do sistema judicial Português. "Ah, e tal, o problema são os entraves" - Quais entraves? Volto à última frase do parágrafo anterior.

Quantos Limas de face oculta haverá em Portugal e porque é que só agora - quando se reúnem argumentos do outro lado do Atlântico - se fala deste? Onde é que estão os outros e porque é que também não são investigados?

Porque é que em Portugal é permitido a um reformado voltar a ocupar um cargo de responsabilidade política, sem que sejam suspensos ou cancelados os auferimentos suplementares?  Ou é reformado e recebe como tal ou está activo e recebe como tal - não há cá escolhas, homessa!

Aqui na região, traz o Jornal de Leiria (edição 1426 de 10 de Novembro de 2011) a seguinte notícia:
Ou, para ser mais exacto, finalmente um negócio que dá lucro! 

O outro diria: "porreiro pá!", eu digo, "Grande m34da". Enquanto não forem os políticos a terem se responsabilizar pelos crimes ambientais que se vão cometendo, está tudo bem e deixa-se os "empresários" a "dinamizar a economia da região". Já há anos - para não dizer décadas, que se fala da Ribeira dos Milagres. Com o número de deputados que se tem vindo a eleger por este distrito é uma vergonha como é que ainda não se acabou com mais esta impunidade! E aquele negócinho da ETES de Amor? Meus amigos, isto não pode ser só para as despesas disto e daquilo, etc, etc e etc, ou pode? Bom, vou à sesta. Até logo.


Bom Domingo!

Enquanto hoje fazia a ronda matinal pelos blogues que eu mais aprecio, deparei-me com este vídeo que nos é oferecido no "Crónicas do Rochedo". Embora não goste de flores achei interessante a dinâmica destas imagens e por isso mesmo gostaria de poder partilhá-lo convosco. Bom, agora, como é fim-de-semana e eu não tenho que escrever relatórios, vou abrir uma Terras d'el Rei (que é, por agora, o que há) para acompanhar a carne que está a assar no forno.
Bom Domingo!


19/11/2011

A curiosidade...

Manhã tranquila numa cidadezinha do sul das Minas Gerais.
O padre estava em frente à igreja quando viu passar uma garotinha de uns nove ou dez anos, pés descalços, franzina, meio subnutrida, ar angelical, conduzindo umas seis ou sete cabras.
Era com esforço que a garotinha conseguia reunir as cabras e fazê-las caminhar.
O padre observava a cena. Começou a imaginar se aquilo não era um caso de exploração de trabalho infantil e foi conversar com a menina.
- Olá, minha jovem. Como é o seu nome?
- Rosineide, seu padre.
- O que é que você está fazendo com essas cabras, Rosineide?
- É pro bode cobrir elas, seu padre. Tou levando elas lá pr'o sítio de seu João.
- Me diga uma coisa, Rosineide, seu pai ou seu irmão não podiam fazer isso?
- Já fizeram... mas num dá cria... tem que ser um bode mesmo!

06/11/2011

Boa noite e até amanhã

Não sou muito religioso mas desta vez tenho que dizer até amanhã, São Paulo, eu vou estar "on the road".
Uma boa noite para todos quantos me lêem.

16/10/2011

O Triunfo dos Porcos ou a Guerra dos Mundos?

Prometo que não  vou dizer mal de Orwell, nem na NATO...

Há poucos dias, no regresso de Barcelona, li no EL PAIS um interessante artigo com o título "A África está à venda". E porque me sinto chocado com o que li, gostaria de deixar aqui um resumo em jeito de reflexão, até porque este tema tem de ser divulgado.

Este artigo descreve o que se passa actualmente em muitos países sub-desenvolvidos, sobretudo os africanos, onde grupos privados estrangeiros têm vindo a comprar aos governos nacionais grandes extensões de território (os números apontam para cerca 227 milhões de hectares já transaccionados) no sentido de aproveitar as potencialidades agrícolas dos ecossistemas.

Na generalidade fica-se com uma ideia positiva quando se ouve falar de grandes investimentos em regiões sub-desenvolvidas. Pensa-se sobre a melhoria no apoio às populações, das condições de vida mas afinal tudo isto não passa de publicidade, pois acontece exactamente o contrário e a realidade mostra que os próprios governos nacionais (detentores plenipotentes do território nacional) que destituem as populações das suas terras, dos meios que dispõem para subsistir, acusando-os de ocupação ilegal e arredando-os para parte incerta.

Ora, é o que acontece em países como a Etiópia, Zâmbia, Moçambique, Sudão do Sul, Libéria, Madagáscar, entre outros, que possuem um território potencialmente arável mas não têm capital, capacidade tecnológica, conhecimento, o que seja para tirar partido desses recursso naturais.

Em 2008, quando houve um receio global de que os alimento existentes não fossem suficientes em virtude do boom nos bio-combustíveis, mais do que em anos anteriores, estes países africanos venderam mais parcelas de terra a investidores estrangeiros vindos de países ocidentais, como o Reino Unido, mas também da China, da Índia, da Coreia do Sul, da Arábia Saudita ou do Kuwait.

Os territórios comprados são dotados à exploração comercial de bens como arroz e cereais ou óleo de palma mas, como referi, não sem que antes as populações sejam levadas a abandonar essas terras "emprestadas".

Para mais, apenas uma muito pequena percentagem dessas populações acaba por ser assimilada para trabalhar nesses campos, pois as empresas estrangeiras trazem consigo a maior parte da mão-de-obra necessária. Noutras palavras, penso que estamos a falar de um novo sentido de colonialismo e de exploração humana e de escravatura.  É grave? Pois é.

Mas mais grave ainda é quando ficamos a saber que tudo o que é produzido tem como destino único a exportação. Exactamente, deixam-se as pessoas nesses países morrer à fome e de má nutrição, enquanto ali ao lado se produz o suficiente para suprir a necessidade mais básica de todas: a fome.

Um exemplo disso é na Etiópia, país que tem vindo aumentar a dimensão das terras vendidas a grupos estrangeiros. Se por um lado produz e exporta, por outro, existem milhares de pessoas que se resignam à fome e à morte. Digam-me se isto não é a miséria da mais pobre miséria, um capitalismo irracional... Quem diria que também há arroz, cereais e outros bens alimentares marcados com sangue...

Enfim, esta guerra dos mundos tem a ver com ricos e pobres (os indignados sem voz), tem a ver com a posse, com a liberdade, a fome e a sobrevivência enquanto os porcos triunfam...

Antes de terminar, queria deixar os meus parabéns ao jornal El País pela qualidade jornalística, algo que em Portugal minga ou não existe. 

15/10/2011

Irregularidades no Acordo Ortográfico

No Brasil, um movimento que se opõe ao Acordo Ortográfico de 1990 vai processar a Academia Brasileira de Letras, órgão responsável pela regulação dessa aberração linguística, por "lesão ao patrimônio brasileiro" ou seja, um atentado contra o património nacional. Em Portugal? Estamos a caminho.

Enquanto esperamos por mais desenvolvimentos, apelo a que assinem a ILC. Vamos também unir esforços para acabar com este crime de Lesa-Pátria! E agora, deixo-vos a notícia publicada online no "Jornal do Brasil":


Jornal do Brasil - País - ABL é processada por irregularidades no Acordo Ortográfico 14/10/ 11
ABL é processada por irregularidades no Acordo Ortográfico
Jornal do Brasil



A Academia Brasileira de Letras e demais autoridades públicas estão sendo processadas em ação popular movida pelo professor Ernani Pimentel, líder do movimento Acordar Melhor. A ação acusa a Academia de lesão ao patrimônio cultural brasileiro com a implantação do Novo Acordo Ortográfico. De acordo com o professor Ernani Pimentel, a execução do acordo a partir do próximo ano contraria e extrapola
pontos acordados entre os países que falam a Língua Portuguesa, sem aprovação do Congresso Nacional. Além disso, segundo ele, a Academia não conta com a participação ativa de outras importantes entidades para definir as regras do Acordo, como exige a Legislação.
Entidades como ANPAC (Associação Nacional dos Concursos Públicos), ABI(Associação Brasileira de Imprensa) e a OAB (Organização dos Advogados do Brasil) são contra o posicionamento da ABL. O processo movido prevê a prorrogação da implementação do acordo, de forma que ele seja reconduzido e à legalidade e adequado aos parâmetros pedagógicos atuais para beneficiar todos os países de Língua Portuguesa.
Para discutir o tema e fortalecer a consolidação de um acordo atualizado, o professor Ernani Pimentel, líder do movimento Acordar Melhor, realiza no dia 19 de outubro, às 20 horas, a palestra ”ACORDO ORTOGRÁFICO: O QUE SE ESCONDE”, na USP. O evento vai acontecer no Centro Universitário Maria Antonia, na Rua Maria Antonia, 258/294, Vila Buarque, São Paulo / SP. Entrada Gratuita.

Porque o Fado nos está na Alma 59

A mensagem está na rua! Os Indignados estão por toda a parte!

Rock a todos!

A caminho de Abril?


Já aqui há alguns dias ouvi uns ecos que os Serviços de Informação alertaram para a possibilidade de tumultos em Portugal. Tive quase vontade de rir - nós, povo pacato, ao pontapé na rua é algo que não me passa pela cabeça.


No entanto, a verdade mostra que o descontentamento é geral e atravessa quase todos os sectores da população: como frisa o DN, desde 1974 o salário mínimo aumentou apenas e tão somente 88€; o SOL em entrevista a Manuel Carvalho da Silva indica que o aumento de duas horas e meia de trabalho por semana representa um corte nos salários de 6,25% - enfim, depois de três décadas de promessas, parece que estamos - globalmente - a chegar a um ponto de não-retorno... Para além da manifestação marcada para hoje - nao só em Portugal -outros tantos avisos e semelhantes ameaças perfilam-se para acontecer em breve... 
O que hoje me chamou a atenção foi a notícia do jornal  Económico escrevendo sobre o descontentamento dos militares. A História não se repete, sempre ouvi dizer,  mas isso não impede que tenha episódios muito similares. Quiçá  Abril está mais perto do que se julga? Fica aqui o texto do jornal : 


Crise

Militares avisam Governo que estão com a população contra a austeridade

Rita Paz com foto de Paula Nunes
14/10/11 19:25


Militares avisam Governo que estão com a população contra a austeridade
Militares admitem endurecer as manifestações de descontentamento e já marcaram um encontro nacional para 22 de Outubro.
A Associação Nacional de Sargentos (ANS) reagiu hoje às novas medidas de austeridade anunciadas ontem pelo Governo e que vão fazer parte do Orçamento do Estado para 2012.
Ao Económico, O presidente da ANS diz que "já há muito tempo" que os militares estão "a preparar uma série de iniciativas". E "se alguma dúvida existia na mente dos mais crédulos, as afirmações de Passos Coelho deitaram abaixo qualquer dúvida".
António Lima Coelho lembra que "há meses atrás, na oposição, Passos Coelho disse a Sócrates, na altura primeiro-ministro, que cortar nos subsídios era um disparate" e acrescenta: "Nós temos de ter memória, não podemos continuar a ser adormecidos com conversas bem ditas".
Por isso, "no próximo dia 22 vamos realizar um encontro nacional. E este não é um encontro que se encerra em si mesmo, dado que poderão ser encontrados outros caminhos, quer sejam de demonstração de mau estar quer sejam de reiterar a disponibilidade para com quem está no poder de encontrar soluções para todas as partes", sublinha António Lima Coelho.
É que, segundo o responsável, as novas medidas de austeridade anunciadas ontem por Passos Coelho, "põem em causa os direitos constitucionais e inclusive de soberania" do país, sendo que "o corte dos subsídios é um agravamento de uma situação que já era muito difícil".
"As revoluções não se anunciam"
António Lima Coelho admite que "para o cidadão comum é muito difícil não conseguir cumprir os seus compromissos, mas para um militar que está obrigado a cumprir com as leis da República é muito mais grave".
Os militares garantem assim que "estão ao serviço do povo português e não de instituições particulares", e avisam: "Que ninguém ouse pensar que as Forças Armadas poderão ser usadas na repressão à convulsão social que estas medidas poderão provocar".
Questionada sobre um possível endurecimento dos protestos por parte dos militares, a Associação avança que "as revoluções não se anunciam, quando chegam, chegam porque têm de chegar, mas espero que a bem do Estado de direito que nunca um cenário desses se venha a pôr", conclui.
Recorde-se que no mês passado Passos Coelho fez questão de frisar, no discurso que escolheu para a sessão de encerramento das Festas do Povo, em Campo Maior, que "em Portugal, há direito de manifestação, há direito à greve. São direitos que estão consagrados na Constituição e que têm merecido consenso alargado em Portugal".
No entanto, avisou na altura o primeiro-ministro, "aqueles que pensam que podem agitar as coisas de modo a transformar o período que estamos a viver numa guerra com o Governo", quando o que existe é "uma guerra contra o atraso, a dívida e o desperdício", esses "saberão que nós sabemos dialogar, mas que também sabemos decidir".