Prometo que não vou dizer mal de Orwell, nem na NATO...
Há poucos dias, no regresso de Barcelona, li no EL PAIS um interessante artigo com o título "A África está à venda". E porque me sinto chocado com o que li, gostaria de deixar aqui um resumo em jeito de reflexão, até porque este tema tem de ser divulgado.
Este artigo descreve o que se passa actualmente em muitos países sub-desenvolvidos, sobretudo os africanos, onde grupos privados estrangeiros têm vindo a comprar aos governos nacionais grandes extensões de território (os números apontam para cerca 227 milhões de hectares já transaccionados) no sentido de aproveitar as potencialidades agrícolas dos ecossistemas.
Na generalidade fica-se com uma ideia positiva quando se ouve falar de grandes investimentos em regiões sub-desenvolvidas. Pensa-se sobre a melhoria no apoio às populações, das condições de vida mas afinal tudo isto não passa de publicidade, pois acontece exactamente o contrário e a realidade mostra que os próprios governos nacionais (detentores plenipotentes do território nacional) que destituem as populações das suas terras, dos meios que dispõem para subsistir, acusando-os de ocupação ilegal e arredando-os para parte incerta.
Ora, é o que acontece em países como a Etiópia, Zâmbia, Moçambique, Sudão do Sul, Libéria, Madagáscar, entre outros, que possuem um território potencialmente arável mas não têm capital, capacidade tecnológica, conhecimento, o que seja para tirar partido desses recursso naturais.
Em 2008, quando houve um receio global de que os alimento existentes não fossem suficientes em virtude do boom nos bio-combustíveis, mais do que em anos anteriores, estes países africanos venderam mais parcelas de terra a investidores estrangeiros vindos de países ocidentais, como o Reino Unido, mas também da China, da Índia, da Coreia do Sul, da Arábia Saudita ou do Kuwait.
Os territórios comprados são dotados à exploração comercial de bens como arroz e cereais ou óleo de palma mas, como referi, não sem que antes as populações sejam levadas a abandonar essas terras "emprestadas".
Para mais, apenas uma muito pequena percentagem dessas populações acaba por ser assimilada para trabalhar nesses campos, pois as empresas estrangeiras trazem consigo a maior parte da mão-de-obra necessária. Noutras palavras, penso que estamos a falar de um novo sentido de colonialismo e de exploração humana e de escravatura. É grave? Pois é.
Enfim, esta guerra dos mundos tem a ver com ricos e pobres (os indignados sem voz), tem a ver com a posse, com a liberdade, a fome e a sobrevivência enquanto os porcos triunfam...
Antes de terminar, queria deixar os meus parabéns ao jornal El País pela qualidade jornalística, algo que em Portugal minga ou não existe.
Há poucos dias, no regresso de Barcelona, li no EL PAIS um interessante artigo com o título "A África está à venda". E porque me sinto chocado com o que li, gostaria de deixar aqui um resumo em jeito de reflexão, até porque este tema tem de ser divulgado.
Este artigo descreve o que se passa actualmente em muitos países sub-desenvolvidos, sobretudo os africanos, onde grupos privados estrangeiros têm vindo a comprar aos governos nacionais grandes extensões de território (os números apontam para cerca 227 milhões de hectares já transaccionados) no sentido de aproveitar as potencialidades agrícolas dos ecossistemas.
Na generalidade fica-se com uma ideia positiva quando se ouve falar de grandes investimentos em regiões sub-desenvolvidas. Pensa-se sobre a melhoria no apoio às populações, das condições de vida mas afinal tudo isto não passa de publicidade, pois acontece exactamente o contrário e a realidade mostra que os próprios governos nacionais (detentores plenipotentes do território nacional) que destituem as populações das suas terras, dos meios que dispõem para subsistir, acusando-os de ocupação ilegal e arredando-os para parte incerta.
Ora, é o que acontece em países como a Etiópia, Zâmbia, Moçambique, Sudão do Sul, Libéria, Madagáscar, entre outros, que possuem um território potencialmente arável mas não têm capital, capacidade tecnológica, conhecimento, o que seja para tirar partido desses recursso naturais.
Em 2008, quando houve um receio global de que os alimento existentes não fossem suficientes em virtude do boom nos bio-combustíveis, mais do que em anos anteriores, estes países africanos venderam mais parcelas de terra a investidores estrangeiros vindos de países ocidentais, como o Reino Unido, mas também da China, da Índia, da Coreia do Sul, da Arábia Saudita ou do Kuwait.
Os territórios comprados são dotados à exploração comercial de bens como arroz e cereais ou óleo de palma mas, como referi, não sem que antes as populações sejam levadas a abandonar essas terras "emprestadas".
Para mais, apenas uma muito pequena percentagem dessas populações acaba por ser assimilada para trabalhar nesses campos, pois as empresas estrangeiras trazem consigo a maior parte da mão-de-obra necessária. Noutras palavras, penso que estamos a falar de um novo sentido de colonialismo e de exploração humana e de escravatura. É grave? Pois é.
Mas mais grave ainda é quando ficamos a saber que tudo o que é produzido tem como destino único a exportação. Exactamente, deixam-se as pessoas nesses países morrer à fome e de má nutrição, enquanto ali ao lado se produz o suficiente para suprir a necessidade mais básica de todas: a fome.
Um exemplo disso é na Etiópia, país que tem vindo aumentar a dimensão das terras vendidas a grupos estrangeiros. Se por um lado produz e exporta, por outro, existem milhares de pessoas que se resignam à fome e à morte. Digam-me se isto não é a miséria da mais pobre miséria, um capitalismo irracional... Quem diria que também há arroz, cereais e outros bens alimentares marcados com sangue...
Enfim, esta guerra dos mundos tem a ver com ricos e pobres (os indignados sem voz), tem a ver com a posse, com a liberdade, a fome e a sobrevivência enquanto os porcos triunfam...
Antes de terminar, queria deixar os meus parabéns ao jornal El País pela qualidade jornalística, algo que em Portugal minga ou não existe.
1 comentário:
Caro Ferreira
Seria interessante também conhecer a quantidade de terrenos, especialmete no Alentejo e não é só na zona banhada pela barragem do Alqueva, que já foi vendida.
Abraço
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