Tristeza:
Chamo-te minha e depois mando-te embora;
Farto o silêncio e o nada com a minha presença...
Um tanto mais tarde, espero que passe a hora
Que entedia o ditar da minha sentença.
Não me perco no tempo mais calmo e vago,
Deixo-me apenas vogar ao sabor da corrente
O sentimento não é algo que escrevo e depois apago
No sentido de vir a fazer tudo diferente.
A vida que os dias têm em si guardados
Rejubila no passar de cada momento-fracção,
Perdendo-se no imenso fado de todos os fados
Algures no sentimento de um distante coração
Gostava de sentir um sentir completo
Como aquele que se sente quando há verdade
Nas coisas simples que nada têm de secreto
E que em si guardam espontaneidade.
A humildade de uma roseira florida
Está na força de ser: espinhosa
E bela. Não magoa a vista, deleita despida
Em sua cor mas não esconde a sua prosa...
A água que bebes e aquela com que regas
São do mesmo poço ao fundo do pomar.
Quando o dia acaba também és tu que levas
A enxada de volta à adega, p’ra arrumar.
Trabalhas tanto, o sol faz-te suar, porém,
A terra é a vida que te dá de sustento.
Quando um dia parares, ela parará também.
Nesse dia, o dia acaba e a enxada fica ao relento.
A casa que te alberga na sua simplicidade
Tem um conforto igual ao que a vida tem;
Essas paredes podem padecer da idade,
Mas a cama guarda o conforto de ter alguém
Que te espera e acolhe a toda a hora,
Por quem vives para poder também partilhar
Os momentos difíceis e os bons p’la vida fora...
Apaga a vela, agora, vá! Vai descansar!
Até amanhã...
13 de Abril de 1999
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