I
Dói-me a cabeça
Isto, a bem dizer,
O melhor é pensar em acabar,
II
Dêem-me uma resposta, mas não me mudem!
III
Prende-me a vida por um fio
Apesar de ter bebido um chá de limão...
Talvez desapareça
O mal da ilusão.
Eu não sei se mereça
Tamanha confiança,
O mal, eu digo,
Pois já o sinto desde criança.
Mas, para já, talvez outro chá
Me aqueça a alma
E traga calma
Ao coração.
Mal me altera o conforto.
Não me aquece, nem arrefece;
E, se quiserem saber,
Se der para o torto,
Ponho os pés de fora.
Sim, digo adeus e venho-me embora,
Beber mais um chá,
Bem forte, de limão!
Pode não me afastar os problemas,
Nem os edemas do coração,
Mas, pelo menos, faz-me repousar
E alivia a dor de cabeça
Ou outra de que me esqueça...
Deixar a literatura para depois,
Pois também há que descansar
E acabar de apreciar
O meu chá de limão!
Soube-me tanto.
Tanto a tão pouco!
Já diminuiu o pranto
Mas ainda me sinto rouco.
Se as aparências iludem
Porque há-de o sol calar?
Ou a chuva brilhar?
Se as flores florem, fazem-no porque sim!
E, sendo assim, dêem-me uma razão
Para elas o não fazerem!
Range-me a voz, estou tão rouco.
Talvez seja mal de solidão...
Eu já bebi, mas soube-me a pouco,
O meu chá de limão.
Um emaranhado de nós.
A cada qual que desato alivio
A rouquidão da minha voz.
Só me afasto porque procuro
O meu ser parte de mim.
Penso, mas não descuro,
Que ser é já um fim!
Vou fazer outro chá
E bebê-lo devagar.
Pode não me confortar já.
Mas saberá bem quando o acabar.
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