21/09/2010

Inferências







I
Não sofrer é ser completo.
Mas ninguém é completo.
Todo o alguém sofre
Por causa de algo que o não completa.

Como a bola da roleta
Gira, gira, á volta do nada,
Até que se descobre num espaço
Completa em si, mas incompleta nos outros.

Tal como a bola da roleta
Ou como as Calhas da Razão,
Giro à volta de um vazio
Que não é mais que o meu coração.



II

Sou assim, tão só
Em mim, como pedra
Se desfaz em areia
Lenta e se torna pó.

E a roda gira
Continuando a moer
As palavras de pedra
Em pó,
Razão hão-de ser.



III

A roda parou,
Acabou de moer.
As palavras de pedra
São pó,
Razão, de ser.

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