29/09/2010

noticias do mundo

Chegado ao quarto de hotel em final de dia a primeira coisa que fiz após descalçar os sapatos foi ligar a televisão. De todos os canais estrangeiros à disposição, o primeiro que maior interesse me despertou foi a BBC. Logo por coincidência uma das notícias do dia trata a derrapagem da dívida pública da Irlanda e de Portugal.

Quanto a Portugal, o título fala sobre a intervenção pela parte do Presidente da República no sentido de gerar um consenso que leve à aprovação do Orçamento de Estado para 2011 e a recusa do maior partido da oposição devido ao consequente  aumento de impostos ocorrente dessa aprovação.

Estes três minutos de informação levaram-me a pensar no seguinte:

1) Que em Portugal a política se faz como as crianças brincam ao faz de conta - para determinados grupos políticos/ personalidades parece estar tudo bem  (sim, estou a falar do modo como a oposição trata assuntos de maior importância, como o OE) e passa-se o tempo apenas a pensar no voto do eleitorado, nas sondagens e nas próximas eleições.

2)  Se a curto prazo não houver cortes e exigências onde devem ser feitos, doa a quem doer,  a fonte de rendimentos do Estado Português vai esgotar do lado de cá (sim, uma crítica ao modo como este e os anteriores Governos não foram capazes de reduzir os jobs e limitar certas regalias (do género das Aguas de Portugal). Do outro lado, a nível Europeu, já estão quase todos os países a fazer contas aos trocos que trazem no bolso. Afinal quem é que quer continuar a injectar dinheiro num buraco negro (refiro-me ao termo usado em física e não ao outro de duas letras) como seja a economia da Irlanda e a de Portugal?

3) Que em Portugal se esquece o real valor do que está em causa: que a crise não passou, está a passar e até que passe vai ficar. 
E a crise não é só para os Portugueses. Veja-se o caso do motor da economia Europeia, a Alemanha-  os cerca de 6,7 milhões de Alemães que recebem o subsídio de integração Hartz4 (semelhante ao subsídio de desemprego, embora noutros moldes) tiveram ontem a notícia de que irão receber por mês mais cinco euros do que até agora (caso o diploma seja aprovado)  num total de cerca de 364 euros. 
Tirando os casos daqueles que se decidiram por não trabalhar e sobreviver à custa desse subsídio, existem nesta desenvolvida economia milhares de pessoas com habilitações e conhecimento mas sem trabalho. No entanto a economia germânica não pára e mais tarde ou mais cedo essas pessoas com conhecimentos irão ser integradas novamente. 

4) Que em vez de se falar sobre Políticas que interessem ao desenvolvimento económico e social do país, vieram apresentar propostas fora de tempo sobre as alterações profundas à constituição portuguesa (sim, estou a falar da irresponsabilidade crua de Pedros Passos Coelho). Em que planeta é que este senhor e os seus correlegionários estão a viver? Porquê criar ruído sobre temas acessórios e criar mais receios ainda no seio de um clima de crise????? 
Quer acabar com o ensino gratuito, com a saúde como está? A base da economia são os Recursos Humanos, vamos então falar de Educação e sobre formação, criar ferramentas, apostar nos recursos existentes; vamos falar de conceitos sociais básicos como a Saúde, reforçar o sistema do Serviço Nacional de Saúde em vez de falar em privatização - porquê fragmentar? Se não funciona como está, provem-no com factos, argumentos e números que tenham fundamentos sólidos. Se for apenas para servir à classe médica e criar mais um "ponto verde" para a recolha de dinheiros públicos, então suponho que tenham em vista o interesse próprio, em vez do interesse nacional. A "coisa" é grave e tem poucos remédios... Uma acção possível seria deixar de legislar à medida de cada cliente...

5) Que em Portugal se fala sem se pensar - a classe política deveria ter mais cuidado na forma como lida com os Media pois parece que há falta de trabalho de bastidores para se chegar a consensos.

6) Outra notícia, ainda na BBC, em primeira mão, logo pelas seis e pouco da manhã de 28 de Setembro. Na Rússia, o presidente Medvedev (espero ter escrito correctamente) acaba de demitir o Presidente da Câmara da cidade de Moscovo, Luzhkow, por perda de confiança política e - segundo ouvi - também, pelo crescimento dos casos de corrupção na cidade. 
Desconhecendo os contornos que envolvem a decisão, escuso-me a alargar-me nos comentários. No entanto, isto deixa-me a pensar que também em Portugal se deveriam tirar consequências de casos de corrupção provada - activa ou passiva. Era tempo de começar a cortar o mal pela raiz...Falta a coragem, infelizmente.



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