04/04/2010

Acompanhado, enfim

Ao partir levo comigo uma agradável memória de sentidos vários, como o calor das tardes e a frescura alva das casas...
Continuo a dirigir-me mais para Norte, já me esqueci onde pertenço finalmente. Descubro-me enfim à porta de mais um canto do paraíso d'ouro que esta terra tem: à foz do Tua em princípio de tarde...
Enquanto vou escutando os carris ficando para trás, observo os montes que abrem o seu avental de verde plantado nas encostas ásperas, ajeitando-se para deixar a composição passar. Dou comigo a pensar que a nossa casa fica onde nos sentimos melhor. Vou degustando lentamente a paisagem como se de uma iguaria se tratasse: mas se a minha casa é esta terra desde o seu Norte ao Sul, a partir de Este até Oeste, então porque não me recordo simplesmente do meu lugar?
Na minha mente estou sozinho mas não viajo só, tenho o rio que me acompanha. Cá de cima do meu alto, vou dizendo adeus às casas e povoados que passam por mim em um ritmo lânguido, os sobressaltos ao passar nas pontes que ligam os montes e os túneis que escondem a proximidade do destino. Gente que entra, gente que sai, sorrisos que se espalham pelos bancos e os miúdos colados às janelas... Vou pensando, quantas memórias mais me faltam percorrer para chegar?

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