29/07/2011

Por vós, Senhora

Por vós, Senhora,
O dia nasce e amanhece,
A chuva cai e a erva cresce,
Lentamente na sua demora.

Por vós, Senhora,
Raia o sol e entardece,
Viça a flôr e o fruto amadurece,
Lentamente na sua demora.

Para vós, Senhora,
não é o mundo que entardece,
mas o que está à sua volta.

Ao passar de cada hora
O sol que a ilumina arrefece
E a luz minga e apodrece...

Não, Senhora,
Não é o diabo que anda à solta,
é o sonho que esquece...

Sim, Senhora,
São os anos a passar.
Diga? Para falar mais alto?
Também eu já mal a ouço gritar..

O quê? Quer ir dançar?
Mas, Senhora, já mal se levanta!
Coitada, o que diz não me espanta.

Quer reviver o passado
Que a viu passar a ela,
quando o dia era iluminado
E o sonho aguarela...

Quer dormir, Senhora?
Eu aconchego a almofada.
Durma bem, durma descansada!
Eu estarei aqui fora!

Obrigado, Senhora, 
Pelo carinho, pela alegria
Por tudo quanto fez neste dia
Que anoitece agora!

Adeus, Senhora!
Vejo que chegou o fim...
Eu só queria dizer
Que gostei muito de viver
Consigo ao pé de mim!

Talvez, Senhora, 
Um dia a volte a encontrar!
Até lá...

4 comentários:

Flor de Jasmim disse...

Caro Ferreira
Divinal!!! Palavras muito actuais.
Abraço

Ferreira, M.S. disse...

Olá Flor de Jasmim,
Pessoalmente, considero este o poema de uma vida, o espelho de uma vida a dois, o retrato de um amor.
Obrigado por gostar também.
Um abraço

Unknown disse...

Do blogue do Rodrigo passe por aqui.
Gostei do que li e voltarei sempre que o tempo me abrir espaço.

Este Sol que entardece
Nem sei se é canto ou se é manto que nos obriga a procurar e a lutar sempre mais e mais.

Ferreira, M.S. disse...

Caro Luis Coelho,
É um prazer recebê-lo e aos seus comentários - seja bem-vindo!

Pois, com bem reparou, o dia espelha a luz de acordo com as horas que vão passando - e só o manto da noite, ou da morte, poderá calar aquela vida que adormece nos braços da Perseverança.

Um abraço e volte sempre!