25/07/2011

O Cartoon do Dia


É irónico, triste mas também verdade... Partir pode ser a melhor estrada...

6 comentários:

folha seca disse...

Caro Ferreira
A "brincar" vão-se dizendo verdades difíceis de engolir. Esta não me fez rir. Provocou-me um arrepio. Sou do tempo em que os jovens acreditaram num País com futuro.
Abraço

Ferreira, M.S. disse...

Caro Folha Seca,
Concordo consigo, há trinta ou quase quarenta anos o nosso país tinha de facto um futuro brilhante pela frente, pleno de oportunidades e de opções. Acontece que hoje em dia, todos conhecemos e reconhecemos os problemas que enfrentamos - fruto das escolhas que se fizeram.
No entanto, agora é tarde para apontar o dedo - porque não vem resolver nada e o que passou passou.
Admitamos - "fuga de cérebros" acontece em quase todos os países civilizados. Daí resta-nos investir no conhecimento, na formação e no desenvolvimento das capacidades do saber e do conhecimento do povo português ao mais alto nível possível até que tenhamos capacidade para renovar a camada empreendedora retrógrada que existe em Portugal e que se limita a gerir a sua existência em vez de apostar no crescimento e no desenvolvimento de valências.
Há alguns dias vi parte de uma entrevista a um senhor de seu nome Miguel Gonçalves (infelizmente não tive oportunidade de saber mais sobre essa pessoa) que em poucas palavras explicou o seguinte:
"Em Portugal, 87% das empresas tem menos de 10 trabalhadores. São empresas familiares sem grande capacidade de investimento. O que acontece é que em média aparecem 9 pessoas a fazer o trabalho de 13."
O factor de polivalência é fundamental para a adaptação da empresa às necessidades imediatas mas é também de certa forma factor impeditivo para o crescimento a médio e longo prazo.
Na prática, durante o período de selecção de novos colaboradores, isto traduz-se também na recusa de candidatos com maiores e melhores qualificações referindo a falta de experiência como factor eliminatório.
Noutras palavras, continua a ver-se apenas no novo candidato um activo caro demais sem avaliar as potencialidades que este poderá representar para a empresa num futuro a acontecer.
Bom, esta historieta toda para mencionar que a mentalidade do tecido empresarial português dos últimos trinta anos não mudou, não apresenta tendência para mudar e aparentemente vai continuar pobre e retrógrado com os singelos nove trabalhadores.
A ser assim, tristemente, tenho de dar razão ao jovem que pretende emigrar e desejar boa sorte para o seu futuro no país que o acolher. Enfim, é a vida!
Um abraço para si também!

folha seca disse...

Caro Ferreira
Por lapso não pus o "pisco" no envio de comentários e como tal não tinha lido esta excelente resposta.
No entanto meu caro como já se deve ter apercebido sou um desses pequenos empresários (já lá vão 20 anos) não com 9 mas cerca de 30 colaboradores. Se em teoria concordo plenamente consigo a prática obriga-me a dizer-lhe que "não é bem assim". Dou-lhe um exemplo concreto. Dos vários clientes que temos, um consumia entre 10 a 15% do que produzimos. Entrou em incumprimento com o consequente corte de fornecimentos depois de tentar-mos (e assim continuamos) resolver fora do sistema judicial arcaíco que temos.
Já imaginou os transtornos e dificuldades que uma situação destas origina. Não se recebe e não se vende.
Falo nisto não por qualquer pessoalismo, mas porque sei que este começa a ser o panorama geral e ainda a procissão vai no Adro. Imagine o efeito "dominó" que isto vai ter. Nestas circunstâncias em que tudo aponta para uma inevitável recessão a tendência é não só não aumentar os custos, como inevitavelmente ter que os reduzir. Não imagina o que dói quando recebemos candidaturas para ocupar cargos, tendo nós consciência de que até precisamos de gente com habilitações académicas especifícas e não os podemos aceitar.
Desculpe o "testamento" embora ainda haja mais para dizer.
Abraço

Ferreira, M.S. disse...

Caro Folha Seca,
Obrigado pela frontalidade com que dá a cara e e parabéns pelo modo como expõe este exemplo. Ele é, sem margem para dúvidas, compreensível à luz da realidade com que nos deparamos em Portugal desde há anos (para não dizer décadas)!
Eu compreendo a sua posição mas por outro lado - não querendo armar-me em Chico esperto (ou treinador de bancada, inteligência andante, etc) eu quase que me atreveria a supor que se todas as empresas, sem excepção, fossem incumbidas de integrar nos seus quadros gente com especialização académica, a seu tempo para além de melhorar a concorrência (dentro e além fronteiras) também poderia contribuir para uma melhora dos resultados financeiros e ao mesmo tempo a redução dos riscos de incumprimento para com os fornecedores. Desculpe-me a utopia, mas se é preciso tomar medidas para revitalizar a economia, então deve-se começar a pensar por baixo em vez de andar a criar apenas linhas de crédito para alimentar coiotes. E à minha linha de raciocínio anterior gostaria de adir que para fortalecer o papel dos "Estudantes" na vida activa deveriam ser criados vários períodos activos de estágio (desde o 11°, por exemplo) por forma a permitir adquirir experiência e a ganhar currículo e, por outro lado, permitir às empresas durante um período de um ou dois meses ganhar "meio activo" com possibilidade de desempenhar funções menores. Os melhores gestores não nascem ensinados - penso que devem até ter começado por baixo - entende o que quero dizer? Nesse momento, não estamos a criar activo para o imediato mas para o futuro.
Eu sei que estou a querer (perdoe a expressão) mijar fora do penico ao opinar sobre uma realidade que está totalmente fora da minha linha de experiência pessoal - refiro-me à gerência de empresas e às dificuldades a ela associadas - mas por outro lado vejo também que há muitos caminhos que poderiam ser seguidos para, de alguma forma, rejuvenescer o "tecido empresarial" do nosso país e incrementar a nossa economia. E se bem que nem todos os remédios curam todas as maleitas que desejaríamos, seria bom dar outras opções às novas gerações para além de terem de emigrar para conseguir uma oportunidade...
Desta vez sou eu que peco desculpa pela longa resposta!
Um abraço!

folha seca disse...

Caro Ferreira
No fundo parece-me que estamos de acordo. As circunstancias é que por vezes nos levam a não conseguir fazer o que até sabemos ser o correcto.
Já que aqui chegámos, talvez possamos ir mais longe e dado que até estamos perto, que tal uma conversa mais sobre o concreto com exemplos à vista?
Abraço

Ferreira, M.S. disse...

Caro Folha Seca,
Sim, sim, estamos de acordo.
Sem dúvida terei todo o gosto em trocar ideias e experiências consigo. A combinar brevemente.
Um abraço