Por vós, Senhora,
O dia nasce e amanhece,
A chuva cai e a erva cresce,
Lentamente na sua demora.
Por vós, Senhora,
Raia o sol e entardece,
Viça a flôr e o fruto amadurece,
Lentamente na sua demora.
Para vós, Senhora,
não é o mundo que entardece,
mas o que está à sua volta.
Ao passar de cada hora
O sol que a ilumina arrefece
E a luz minga e apodrece...
Não, Senhora,
Não é o diabo que anda à solta,
é o sonho que esquece...
Sim, Senhora,
São os anos a passar.
Diga? Para falar mais alto?
Também eu já mal a ouço gritar..
O quê? Quer ir dançar?
Mas, Senhora, já mal se levanta!
Coitada, o que diz não me espanta.
Quer reviver o passado
Que a viu passar a ela,
quando o dia era iluminado
E o sonho aguarela...
Quer dormir, Senhora?
Eu aconchego a almofada.
Durma bem, durma descansada!
Eu estarei aqui fora!
Obrigado, Senhora,
Pelo carinho, pela alegria
Por tudo quanto fez neste dia
Que anoitece agora!
Adeus, Senhora!
Vejo que chegou o fim...
Eu só queria dizer
Que gostei muito de viver
Consigo ao pé de mim!
Talvez, Senhora,
Um dia a volte a encontrar!
Até lá...