21/06/2011

outro dia

Ao lado de uma sombra
sentes tua alma vibrar:
o silêncio - o que carregas,
a escuridão,
é um peso difícil de transportar

O riacho que observas
corre, assim, calmo, sem parar
como um grão de luz
intrigante
igual a Pi (3,14159...)
cai à terra para ficar
- veloz -
e vai ficando -
e fica assim -
como que sem  querer
é uma sombra, ali, a penumbra,
nesta luz, a que deslumbra,
vibrante,
e quer ela ser
- a Voz ?
um pedaço de Saber?

E à medida que o sol se eleva
Há um moinho de sons que transvasa
a água que me leva - o Juízo
e me traz - o Fado
e me mói - a Razão
até que se aproxima - da Foz
e debruça minha sombra - sem amparo
e o mundo - o que vemos,
aquilo que todos sabemos
mas negamos existir
é uma dimensão umbrosa
espinhada em prosa
que ninguém quer ler
por ser mentira - a uma
por ser uma tira - de outra
um pano rasgado - sem remendo
um boné furado - de um só lado
para a cabeça - que não lhe assenta
mas que diz - "fica bem, sim senhor
quanto mais alto - melhor -
ninguém te vê a falta mas o frio que passas
não importa - afinal
quando amanhã o céu rejuvenescer
tu vais estar
- da noite para o (outro) dia -
embriagado de falsos amigos
e pleno de preposições erradas,
e acordarás de ressaca
e irás para o raio que te parta!

2 comentários:

Flor de Jasmim disse...

Caro Ferreira
Fabuloso.
Abraço

Ferreira, M.S. disse...

Obrigado, Flor de Jasmim, por gostar e por passar por cá! É sempre um prazer! Ontem as palavras jorravam em catadupa sem ter de pensar...
Um abraço!