23/02/2014

O Cartoon do Dia
























Fonte: Público Online


Ana Gomes pede intervenção contra entrada da Guiné Equatorial no Banif


"Este é mais um caso em que tenho de intervir no sentido de pedir a intervenção da Comissão Europeia para não deixar que se concretize uma intervenção num banco que está a ser resgatado com fundos emprestados no quadro do resgate a Portugal - e que vão ser pagos pelos contribuintes portugueses - e ainda por cima quando é um esquema de lavagem de dinheiro de um regime corrupto e criminoso", disse à Lusa a eurodeputada socialista."
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"A passagem do Governo para a administração de um banco - infelizmente esse é um comportamento demasiado frequente em Portugal - não deixa de ser menos indecoroso por parte de responsáveis políticos, infelizmente do meu próprio partido, e incomoda-me ainda mais sendo ele um militante do Partido Socialista e tendo tido responsabilidades na direcção do PS", disse a eurodeputada."

"Isto é dinheiro que serve para comprar vontades. E para que o Obiang e a sua família possam continuar a roubar", afirmou Severo Moto, em declarações à Lusa em Madrid.

"Toda a gente sabe que o Presidente Obiang está a nadar na abundância do dinheiro que recebe do petróleo. Como nos EUA já estão atrás do que tem roubado e em França também, está a fugir desses países onde tem problemas e a refugiar o seu dinheiro em Portugal e noutros países", disse."
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Severo Moto também considera que o investimento é "um bilhete" para a CPLP, mas insiste que é uma adesão que "social e culturalmente" não faz sentido "num país que tem como línguas oficiais o espanhol e o francês" e que apenas pretende "influência".

"O interesse de adesão á CPLP não tem a ver com afinidades ou com boas relações. Tem a ver com interesses económicos", afirmou o líder da oposição.

"Obiang procura influência e a proteção de outros países. O que a Guiné quer é projeção internacional, porque agora se sente mais abandonada que nunca pela comunidade internacional", disse. "

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João Soares escreve a Xanana contra Guiné-Equatorial na CPLP


"Na carta, a que o Expresso teve acesso, Soares considera que "a entrada da Guiné-Equatorial, a mais longa ditadura no poder no mundo e uma das mais corruptas e torcionárias, para além de ser absurda em termos de ligação com a língua portuguesa, violaria um dos princípios básicos essenciais da CPLP."
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"E conclui: "Teria uma imensa vergonha se o Governo do meu país, Portugal, pudesse ser cúmplice desse gigantesco erro político. Que aliás, na minha modesta opinião, comprometeria gravemente a imagem da CPLP"."

Fonte: Expresso Online



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Dado o exposto, não é necessário escrever mais.
Boa noite.

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Venho adicionar na íntegra uma carta aberta publicada no Público Online escrita pelo Dr. Samuel Mba Mombe, que assina como médico e activista político e que me parece relevante ao tema

Carta aberta na íntegra


Sua Excelência,
Pedro Passos Coelho
Primeiro-Ministro e Chefe do Governo de Portugal,
Excelência,

Segundo informações de fontes concordantes, o meu país, a Guiné Equatorial, foi admitido na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com o aval do Governo de V. Ex.ª. Nós, guinéu-equatorianos, recebemos esta notícia com indignação, repulsa e consternação, ao constatar que o Governo que V. Ex.ª preside cedeu aos interesses económicos que, sem dúvida, jogaram o papel decisivo para que o nosso país seja aceite como membro de pleno direito nessa organização. 

Ainda que já não nos surpreenda a hipocrisia dos Estados que se dizem democráticos, como é o caso de Portugal, a aceitação da ditadura de Teodoro Obiang Nguema pela comunidade de países lusófonos não faz mais do que confirmar a dupla moral destes Estados. Quando quase meio mundo condena a sistemática e flagrante violação dos direitos humanos na Guiné Equatorial, surpreende que Portugal, que já sofreu na própria carne os impactos de uma ditadura e que recebeu o apoio e solidariedade de outros Estados, seja hoje o defensor de uma cruel ditadura que sequestra, assassina, prende, tortura e não atende aos chamamentos da comunidade internacional para pôr fim às hostilidades contra o seu próprio povo.

Excelência,

O nosso povo já se acostumou a que Obiang, pelo poder do dinheiro, compre vontades. A sua aceitação na CPLP não foi uma excepção. O que temos de recordar é que estes dinheiros que vos fazem bajular o déspota são roubados ao povo da Guiné Equatorial. V. Ex.ª saberá certamente que este povo continua a definhar na miséria e na pobreza mais absolutas, apesar do petróleo, do gás e da madeira. É esta a crua realidade da Guiné Equatorial no momento em que o Governo de V. Ex.ª lhe abre as portas para ser membro de pleno direito da vossa comunidade.

Excelência,

Ao nosso sofrido povo, que durante quase 45 anos apenas conheceu regimes ditatoriais, resta-lhe tomar nota deste tipo de decisões. Como um império nunca dura 100 anos, algum dira recordaremos porque é que agora o que interessa aos “democratas” ocidentais são as nossas riquezas, as riquezas que os déspotas que arruínam os nossos países lhes oferecem em bandeja, virando as costas aos sofrimentos de um povo que exige a liberdade de opinião, de manifestação, de expressão, de movimento, de eleições livres e transparentes. Em suma, um Estado baseado no respeito pelos direitos humanos e pela justiça social.

No momento em que escrevo esta carta, a pena de morte continua em vigor na República da Guiné Equatorial. E um ou outro assassinato acaba de cometer-se na sinistra prisão de Malabo.

Com alta consideração e estima pessoal,

Dr. Samuel Mba Mombe
Médico no activo e activista político

Fonte: www.publico.pt Opinião - 25/02/2014 - 15:30

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