PSP diz que é preciso "combater" notícias "menos positivas"
Deputados do PSD e CDS rejeitaram audição do director do SIS
O Relatório de Actividades da PSP para o ano em curso diz que a esta polícia compete, entre muitas outras atribuições, "acompanhar e analisar as notícias produzidas pelos órgãos de comunicação social e, consoante os assuntos noticiados, encaminhá-las para os competentes órgãos da PSP, sugerindo estratégias de combate às menos positivas".
O mesmo relatório, ainda assinado pelo ex-director nacional que foi exonerado, superintendente-chefe Guedes da Silva, diz que à PSP compete igualmente "analisar a imprensa nacional e, sempre que necessário, promover o direito de resposta sobre notícias que possam desencadear, de forma errónea, percepções negativas do serviço policial".
Estes dois parágrafos - que tanto podem levar a concluir que é preciso vigiar a comunicação social e combater as eventuais notícias que sejam menos abonatórias para a actuação da PSP ou que, por outro lado, podem demonstrar a necessidade de um aperfeiçoamento interno de modo a evitar constrangimentos públicos - não mereceram, até à hora de fecho desta edição qualquer comentário por parte da Direcção Nacional da PSP, a quem foi endereçado um pedido explícito nesse sentido.
Face à ausência de resposta por parte da PSP, foi o presidente da Federação Nacional da Polícia (Fenpol), Pedro Magrinho, quem fez uma leitura interpretativa do documento ao PÚBLICO. "Creio que os termos utilizados não estarão bem empregues", diz o sindicalista, lembrando que a análise das notícias que falam da PSP é feita diariamente em briefings.
"Neste caso concreto parece que o texto aponta mais para uma tentativa de limpar a imagem ou de minimizar danos", diz Pedro Magrinho, lembrando que "muitas vezes, por deficiente funcionamento do gabinete de imprensa da PSP, são os sindicatos que respondem ao que deveria ser explicado pela instituição".
Ontem os deputados aprovaram os pedidos de audição do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, para explicar o procedimento policial durante a greve geral ocorrida no dia 22. Nessa ocasião, em Lisboa, elementos da PSP carregaram sobre diversas pessoas, agredindo dois fotojornalistas, situação que motivou inquéritos internos cujos resultados ainda não são conhecidos.
A proposta para levar Miguel Macedo ao Parlamento foi feita pelo BE, tendo a deputada Cecília Honório considerado que durante a manifestação do dia 22 houve "indícios de utilização de força desproporcionada por forças de segurança". Já a proposta do PCP sugeria que também fosse ouvida pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a inspectora-geral da Administração Interna. Este pedido acabou por ser recusado devido aos votos contra do PSD e CDS, enquanto o PS se absteve.
Quanto à solicitação para ser ouvido o director do SIS, que terá assinado um relatório divulgado esta semana pelo Diário de Notícias e no qual, alegadamente, se dizia que durante as manifestações poderiam verificar-se situações de ocupação de bancos e edifícios ministeriais", os deputados da coligação governamental, assim como os socialistas, entenderam que a mesma não se justificava.
Mesmo reprovada, esta proposta mereceu considerações por parte do PCP e do BE. O comunista António Filipe disse que o documento em causa, a existir, é um "palpite" e constitui um "enxovalho" para o SIS, uma vez que sendo de utilização policial acabou na posse de um órgão de comunicação social. Cecília Honório disse, por sua vez, que é necessário "esclarecer se não foi sobre esta via [divulgação do alegado relatório] que foi construído um cenário de apocalipse" que conduziu aos desacatos verificados no Chiado.
Estes dois parágrafos - que tanto podem levar a concluir que é preciso vigiar a comunicação social e combater as eventuais notícias que sejam menos abonatórias para a actuação da PSP ou que, por outro lado, podem demonstrar a necessidade de um aperfeiçoamento interno de modo a evitar constrangimentos públicos - não mereceram, até à hora de fecho desta edição qualquer comentário por parte da Direcção Nacional da PSP, a quem foi endereçado um pedido explícito nesse sentido.
Face à ausência de resposta por parte da PSP, foi o presidente da Federação Nacional da Polícia (Fenpol), Pedro Magrinho, quem fez uma leitura interpretativa do documento ao PÚBLICO. "Creio que os termos utilizados não estarão bem empregues", diz o sindicalista, lembrando que a análise das notícias que falam da PSP é feita diariamente em briefings.
"Neste caso concreto parece que o texto aponta mais para uma tentativa de limpar a imagem ou de minimizar danos", diz Pedro Magrinho, lembrando que "muitas vezes, por deficiente funcionamento do gabinete de imprensa da PSP, são os sindicatos que respondem ao que deveria ser explicado pela instituição".
Ontem os deputados aprovaram os pedidos de audição do ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, para explicar o procedimento policial durante a greve geral ocorrida no dia 22. Nessa ocasião, em Lisboa, elementos da PSP carregaram sobre diversas pessoas, agredindo dois fotojornalistas, situação que motivou inquéritos internos cujos resultados ainda não são conhecidos.
A proposta para levar Miguel Macedo ao Parlamento foi feita pelo BE, tendo a deputada Cecília Honório considerado que durante a manifestação do dia 22 houve "indícios de utilização de força desproporcionada por forças de segurança". Já a proposta do PCP sugeria que também fosse ouvida pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a inspectora-geral da Administração Interna. Este pedido acabou por ser recusado devido aos votos contra do PSD e CDS, enquanto o PS se absteve.
Quanto à solicitação para ser ouvido o director do SIS, que terá assinado um relatório divulgado esta semana pelo Diário de Notícias e no qual, alegadamente, se dizia que durante as manifestações poderiam verificar-se situações de ocupação de bancos e edifícios ministeriais", os deputados da coligação governamental, assim como os socialistas, entenderam que a mesma não se justificava.
Mesmo reprovada, esta proposta mereceu considerações por parte do PCP e do BE. O comunista António Filipe disse que o documento em causa, a existir, é um "palpite" e constitui um "enxovalho" para o SIS, uma vez que sendo de utilização policial acabou na posse de um órgão de comunicação social. Cecília Honório disse, por sua vez, que é necessário "esclarecer se não foi sobre esta via [divulgação do alegado relatório] que foi construído um cenário de apocalipse" que conduziu aos desacatos verificados no Chiado.
Público Online, 29.03.2012 - 16:42 Por José Bento Amaro
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