No outro dia perguntaram-me quantos anos tenho.
- Tenho... <pausa>
<quantos anos tenho, afinal? Já tenho mais de dezoito, já passei os vinte e os vinte e cinco... aqui há uns anos fiz os trinta e já lá vai mais alguns desde então... E vai daí, comecei a fazer contas de cabeça, a perguntar-me a mim mesmo em que ano é que nasci...>
- Tenho... <nova pausa>
<e tal como a resposta foi saindo, engasgada, fiquei a pensar na pergunta. Quantos anos tenho? O tempo é etéreo, não se pode agarrar, prender, fechar, guardar, manter... E para dizer a verdade, nao é assunto que me ocupe os dias... Agora que acabo de responder pergunta-me o meu interlocutor:
- Tens a certeza?
<curiosamente, num milésimo de segundos fiz novamente as contas de cabeça.>
- Sim. - respondi, ainda que pouco convencido.
< Chego à conclusão que não tenho tempo para pensar no tempo que passou. Nem em quantos anos tenho ou quantos anos vivi - ah! se eu fizer as contas aos anos que vivi a vida, acho que acabava por ser muito mais novo do que hoje sou.>
<Na verdade, quando a pergunta me foi feita "Quantos anos tens" estive muito perto de responder vinte e dois. Não porque se tenha passado alguma coisa de especial aos vinte e dois anos. Simplesmente é um número bonito, capicua. Além disso, permite-me voltar a fazer asneiras e a experimentar coisas que a cada dia que passam se tornam mais distantes... pois, mas isso já lá vai. E agora, regressando ao planeta terra, rapidamente noto que os vinte e dois e três e quatro e cinco e seis e por aí a fora já passaram há muito tempo...>
<pouco depois, ouço-me a dar-me um conselho: esquece quantos anos tens e preenche os momentos do teu dia-a-dia sem te preocupares em saber quantos anos já passaram - age com a naturalidade da tua idade mas continua a viver como se tivesses apenas os vinte e dois... porque... porque são capicua.>
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